Pais demoram a perceber que filhos estão acima do peso, diz especialista
Os pais demoram a perceber que seus filhos estão obesos ou com sobrepeso. A endocrinologista infantil Karina Frade diz que a maioria se preocupa mais com que o filho deixa de comer do que com seu eventual excesso de peso.
“A maioria chega dizendo: ‘esse menino não come nada, deve estar com anemia. Aí a gente faz o cálculo de massa corporal e descobre que a criança já está com sobrepeso” diz ela.
O cálculo de massa corporal infantil não é o mesmo dos adultos. (Achei que não valia a pena colocar aqui a fórmula para os pais não saírem ensandecidos por aí fazendo contas. Na dúvida, fale com seu pediatra).
Karina diz que quanto antes os pais diagnosticarem e tratarem a obesidade ou sobrepeso da criança, melhor será.
O diagnóstico inclui exames clínicos e laboratoriais que vão investigar se a criança tem alterações hormonais, por exemplo, que interferem no ganho de peso.
Se os exames não indicarem nenhum desvio, Karina diz que é grande a chance do ganho de peso ter causas familiares. “Está comprovado que se um dos pais é obeso, a criança tem 50% de chance de ser obesa. Se os dois forem obesos, esse risco sobe para 80%.”
Outra causa, segundo ela, é a dieta alimentar da criança. “Às vezes a mãe diz que o filho não come nada. Mas o pouco que come é altamente calórico e provoca o ganho de peso.”
Segundo Karina, o tratamento inclui mudança de hábitos físicos e alimentares. “Quanto antes começar, melhor será. Criança aprende muito rápido. Deve ser estimulada a ter uma alimentação balanceada e a fazer exercícios.”
Pesquisa divulgada neste ano pelo “New England Journal of Medicine” com 7.000 crianças dos EUA revelou que um terço das crianças que estavam acima do peso no jardim da infância continuavam obesas quando chegavam à oitava série. Uma das conclusão dos autores do estudo era que as políticas públicas de combate à obesidade precisam começar mais cedo.
Dificuldade
Levantamento de 2012 da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo mostrou que 40% das crianças e adolescentes abandonaram o tratamento contra a obesidade antes da sua conclusão no ambulatório de nutrição do Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia.
Das 51 crianças e adolescentes que passaram por tratamento no ambulatório, 20 interromperam o tratamento.
Nas crianças e jovens que terminaram o tratamento, 40% obtiveram redução nos fatores de risco. Outras 40% mantiveram os fatores e 20% chegaram a ter aumento dos fatores de risco.