Opinião: Com risco ou não, mulher tem o direito de escolher a cesárea

FABIANA FUTEMA
Enfermeira cuida de recém-nascidos no berçário do Santa Catarina (Foto: Joel Silva - 1º.ago.2008/Folhapress)
Enfermeira cuida de recém-nascidos no berçário do Santa Catarina (Foto: Joel Silva – 1º.ago.2008/Folhapress)

Não questiono a necessidade da criação de medidas para reduzir o número de cesáreas no país. Só não concordo com a crucificação das mulheres que precisam ou mesmo escolhem ter seus filhos por esse método.

Não sou ingênua, sei que é bem prático para os médicos marcarem a hora e dia do nascimento do bebê.

Sei que alguns profissionais usam argumentos incorretos para convencerem suas pacientes a desistirem do parto normal. Dizer que o bebê está sentado ou que o cordão está enrolado no pescoço são algumas dessas justificativas.

E sim, a cesariana eleva o risco de partos prematuros, o que pode afetar a saúde do bebê.

Mas também há médicos honestos que sabem dos riscos da gestação de suas pacientes. E sabem que a cesariana pode ser uma forma de garantir um parto mais seguro para a mulher e seu bebê.

Na lista de medidas anunciadas pelo governo para reduzir o número de cesarianas está a obrigação dos planos de informarem às pacientes o número de partos desse tipo realizados por médicos e hospitais.

Se a mulher não tiver um médico de confiança, esse tipo de informação pode ser muito útil mesmo. Mas se a paciente já tem um médico no qual confia, será que vale trocar por um outro só porque sua taxa de cesáreas é elevada?

E por último, há mulheres que preferem a cesárea mesmo tendo condições médicas de terem um parto normal. Se sabe dos riscos da cesárea, mas se mesmo assim escolhe por superstição, medo ou até a comodidade do agendamento, o problema é dela. Devemos chamá-las de egoístas e irresponsáveis? Eu não condeno. E abomino qualquer tipo de patrulha.