Se fosse em SP, médicos tentariam induzir parto de Kate a partir da 41ª semana

FABIANA FUTEMA

A gravidez da duquesa Kate Middleton, mulher do príncipe William, é monitorada de perto pela imprensa internacional. Alguns fãs da realeza britânica estão acampados em frente hospital St. Mary, em Londres, há mais de uma semana.

Pelos cálculos dos jornalistas, Kate entrou na 41ª semana de gestação nesta quinta-feira. Mas como seu plano é ter um parto normal, não existe uma data marcada para o nascimento da irmã do príncipe George.

O esquema de segurança no hospital St. Mary, que terminaria nesta quinta, foi prorrogado até terça-feira (5 de maio). Isso fez com que alguns acreditassem que esta é a nova data máxima para nascimento do bebê real. Mas é provável que o bebê nasça até domingo, e que terça seja a dia limite para a alta médica de Kate.

E como é o tempo de gestação no Brasil? A pesquisa Nascer no Brasil da Fiocruz, que ouviu 23.894 mulheres, revelou que o número de prematuros (antes da 37ª semana) no país é 55% maior que na Inglaterra ou País de Gales. Já a taxa de nascidos com 37 ou 38 semanas é 35% maior que nesses países.

“Embora não sejam considerados prematuros, são bebês que poderiam ganhar mais peso e maturidade se tivessem a chance de chegar a 39 semanas ou mais de gestação. A epidemia de nascidos com 37 ou 38 semanas no Brasil é, em parte, explicada pelo número elevado de cesarianas agendadas antes do início do trabalho de parto, especialmente no setor privado”, alerta o estudo.

Se Kate fosse ter seu filho em São Paulo, é bem provável que os médicos tentassem induzir seu parto a partir da 41ª semana de gestação. “A conduta no Brasil é esperar até 41ª semana. O tempo máximo é de 42 semanas, mas o risco de complicações aumenta a partir da 41ª, afirma Stephanie Roca Volpert, ginecologista e obstetra do Hospital Perola Byington.

Entre os riscos da gravidez avançar para a 42ª semana, segundo o coordenador da ginecologia do Hospital Sepaco, Carlos Del Roy, está a do bebê eliminar mecônio (matéria verde-escura que se encontra no intestino de um feto) e contaminar o líquido amniótico. “Isso poderia complicar a respiração do recém-nascido, podendo obstruir as vias respiratórias, por exemplo.”

Para saber se há riscos para a saúde do bebê, Stephanie afirma que existem uma série de exames, como ultrassonografia, amnioscopia e cardiotocografia.

Segundo ela, o prazo de espera pelo parto normal em países europeus ultrapassa as 41 semanas da conduta brasileira. “Lá, os hospitais s’ao capazes de realizar ultrassonografias diárias para verificar os sinais vitais do bebê a partir da 40 semana.”

A definição mais acertada da DPP (data provável do parto), segundo ela, pode ser feita a partir da 40ª semana. A data definida no início da gravidez, com base na última menstruação, tem chance maior de erros. ”Ultrapassar a data provável do parto não significa que passou da hora nascer.”