Sem mistério: sistema britânico e cabeleireira explicam alta e aparência de Kate

FABIANA FUTEMA

Não estive na maternidade St. Mary. Não vi a filmagem do parto da duquesa Kate Middleton, mulher do príncipe William. Por isso não posso pôr a mão no fogo por ninguém.

Mas acredito que são frágeis as ‘evidências’ em que se baseiam as teorias conspiratórias que acusam o parto de Kate de mentiroso. Entre as ‘provas’ estão a ótima aparência de Kate ao deixar o hospital e o fato dela usar salto alto.

Se você fosse a mulher do príncipe não teria levado para o hospital um cabeleireiro e um maquiador? Aqui no Brasil as mães-celebridades recorrem a esse expediente para saírem bonitas nas fotos dos paparazzi.

Segundo a imprensa britânica, a cabeleireira Amanda Cook Tucker, conhecida como Mandy, foi flagrada entrando no hospital por volta das 13h de sábado carregando um arsenal de produtos para cabelo.

Ah, mas ela deixou a maternidade apenas dez horas depois do parto… A obstetra Maria Helena Bastos, que morou 10 anos na Inglaterra, onde fez mestrado e doutorado, diz que alta pode levar menos tempo lá.

“Eles recomendam alta com 6h após o parto normal e mantém um esquema de atenção domiciliar após o parto que envolve agentes comunitários de saúde, assistentes de maternidade e parteiras”, diz ela

Segundo ela, esse modelo segue “protocolos baseados de evidência científica atualizados recentemente pelo NiCE (National Institute of Health AND Care Excellence)”.

O modelo de atenção domiciliar prevê visitas entre o 2º ou 3º dia após o parto por uma parteira, que vai avaliar as condições gerais da mãe e bebê, além de apoiar a amamentação. “Até o 21º dia após o parto ela receberá visitas semanais da parteira e de uma agente comunitária”, afirma Maria Helena.

Segundo ela, se Kate quisesse, o modelo de saúde britânico permitiria que ela tivesse o parto em casa. “Esta era a expectativa de todas nós que conhecemos as políticas de saúde e a prática britânica.”

PARTEIRAS

Maria Helena diz que o grande diferencial do atendimento à gestante no Reino Unido são as parteiras. Segundo ela, no NHS (equivalente ao SUS brasileiro), as mulheres têm direito à parteira nominada, ou seja, de sua confiança.

“Toda mulher grávida no NHS tem direito a uma parteira que chamamos one-to-one. Desde a confirmação da gravidez até o parto ela teve a mesma equipe com a parteira liderando o cuidado. Foi a mesma parteira que a assistiu no parto do George e ela desenvolveu esta relação de confiança desde a gestação anterior.”

Segundo jornais britânicos, os cirurgiões reais, indicados pela Corte, foram chamados para o parto, mas ficaram num quarto ao lado. “Foram as parteiras e o William os únicos a ficarem com a Kate na hora H’, diz Maria Helena.”

A obstetra afirma que o número de parteiras nominas do NHS está caindo na gestão de David Cameron. “Acho que a Kate vai virar o jogo.”