No Dia das Crianças não compre. Troque brinquedos!
Chega o Dia das Crianças e, assim como no Natal, os pais ficam de cabelos em pé só de pensar em que a criança vai pedir. Bombardeados por propagandas na TV sobre esse ou aquele brinquedo, a menina convence os pais de que ‘precisa’ dessa ou daquela boneca.
Mas, precisa mesmo gastar nessa data? Buscando alternativas e para ‘desovar’ brinquedos que as crias enjoaram e que são esquecidos nos armários, pais têm cada vez mais participado das feiras de troca de brinquedos e de livros. No ano passado, foram mais de 50 feiras autônomas em todo o país. Neste ano, o número deve ser ainda maior e boa parte desses eventos já começa neste fim de semana.
O Instituto Alana (organização que luta pelos direitos das crianças) organiza, desde o Dia das Crianças do ano passado, um site (http://mobilizacao.alana.org.br/)onde é possível você criar um evento para que possa ser divulgado para outros pais que também têm o interesse pela troca no seu bairro ou na sua cidade.
A coordenadora de mobilização do instituto, Gabriela Vuolo, 32, explica que a feira de troca é simples e que pode ser feita no salão de um prédio ou na praça perto de casa. “Tivemos feira que reuniu 1.300 pessoas, mas também tivemos algumas pequenas, organizadas até por um professor dentro da sala de aula”, conta Gabriela. No site do instituto é oferecido também dicas de como organizar uma feira e todo material para divulgação.
“A ideia de cada um organizar a própria feira é para ter mais feiras espalhadas. Se o instituto fizesse, conseguiríamos fazer, no máximo, em dois ou três lugares”, explica. O Alana faz no próximo dia 12 uma feira de trocas na Casa das Rosas, na avenida Paulista (região central de SP). O evento acontece das 11h às 15h e a entrada é gratuita.
Gabriela explica que a ideia da feira de trocas é permitir que a criança tenha um brinquedo novo sem precisar comprar um. “Durante a feira é criado um exercício de desapego e de valores para a criança de que não precisa mais desse ou daquele brinquedo. Outra vantagem é que estimula a socialização dos pequenos”, diz Gabriela, mãe de Mateo, 7.
Ela conta que se recusa a comprar brinquedos para o filho e que a feira de troca tem sido a alternativa desde o ano passado. “Prefiro dar livros ou passeios do que brinquedo já que ganha muita coisa da família no Natal e no aniversário.”
Antes de ir para a feira, ela recomenda que os pais conversem com a criança e digam para ela escolher qual brinquedo vai trocar e explicar que a ideia é que aquele carrinho ou boneca não volte mais para casa. “Nada impede, porém, que a criança não troque e volte para casa com os mesmos brinquedos.” Ela orienta os pais a escolher sempre brinquedos em bom estado de conservação.
Ao chegar na feira, os organizadores oferecem etiquetas para os pais colocarem o nome da criança nos brinquedos que ficam espalhados, por exemplo, em cangas colocadas no chão da praça. “A criança olha algo que interessa e ao ver que é do João, por exemplo, procura quem é ele para ver se ele quer algo que você tem. É bem simples e divertido”, explica Gabriela.
‘NEGOCIAÇÕES’
A coordenadora aconselha para quem for organizar uma feira que não faça o evento sozinho pois muitas vezes é preciso de ajuda durante as ‘negociações’. “ A ideia é deixar a criança escolher e negociar, mas muitas vezes os pais interferem na troca pensando, infelizmente, no valor monetário do brinquedo. O importante é que seja um momento da criança, que ela troque pelo que quiser, independente do valor comercial”, comenta.
A administradora de empresas Cecília Lotufo, 38, diz que o olhar da criança para um brinquedo é diferente do que para nós, adultos. Ela conta que em uma das feiras de troca que ela organizada com o movimento Boa Praça, que faz eventos mensais em três praças na zona oeste de SP, o filho Antônio, 5, quis uma ‘espada de plástico um pouco amassada’. “No olhar de um adulto, aquela espada não é nada, mas ele ama aquela brinquedo e se diverte muito com ele até hoje”, comenta.
A administradora também orienta para quem vai organizar uma feira que tenha um lugar para destinar os brinquedos que sobrarem na feira. “Sempre acabam sendo deixados alguns brinquedos na feira que podem depois ser encaminhados para um abrigo ou para uma creche”, sugere. Cecília conta que na sua casa a família é pouco consumista, mas que “o mundo em torno não coopera” e que os filhos – além de Antônio ela é mãe de Alice, 9 – ganham muitos brinquedos. “Tem hora que não temos nem onde guardar”, comenta.
Lá em casa os meninos ainda são muito pequenos – 1 e 3 anos – e ainda não sabem que existe o tal Dia das Crianças. Ainda não comprei brinquedos para eles nesta data e, por enquanto, nem pretendo já que a casa está lotada de ‘cacarecos’ que muitas vezes são ignorados por eles. Vou me organizar para organizar um ‘desapego’ dos brinquedos dos dois e participar de uma feira em breve. E você, como vai ser o Dia das Crianças na sua casa?