Teste aponta fragilidade de cadeirinhas em colisão lateral; fabricantes questionam metodologia

FABIANA FUTEMA

Teste divulgado ontem pela Proteste (associação de defesa do consumidor) apontou fragilidade nas cadeirinhas de carro para crianças. De acordo com o teste, as cadeirinhas obtiveram resultado fraco, ruim e, no máximo aceitável, na avaliação de impacto lateral durante um acidente de carro.

Foram testados oito modelos de bebê conforto (para crianças de até 13 quilos), cinco cadeirinhas para crianças de 9 kg a 36 kg, uma para bebês de 0 kg a 18 kg e duas para quem tem de 9 kg a 18 kg.

Nenhuma obteve a classificação máxima de cinco estrelas no teste realizado em parceira com a Global NCAP, um programa de avaliação de carros novos.

De acordo com o teste, os modelos de bebê-conforto Primo Viaggio Tri-Fix (Pég-Perego), Touring (Burigotto) e Picollina (Galzerano) tiveram fraco desempenho na avaliação de impacto lateral.

Segundo a Proteste, esses bebê-conforto permitem o contato da cabeça da criança com a lateral da porta em caso de colisão lateral.

O teste deu nota ruim para a cadeirinha Commuter XP (Cosco) nessa mesma avaliação. A Proteste diz que essa cadeirinha permite um impacto muito forte da cabeça da criança com a lateral do carro em caso de acidente (Veja pesquisa no site da Proteste).

Outro lado

Procuradas pelo Maternar,os fabricantes informaram que seguem as regras de segurança para cadeirinhas e bebê-conforto vigentes no Brasil. Segundo eles, todos os produtos foram certificados pelo Inmetro.

Segundo os fabricantes, a regra brasileira de segurança para bebê-conforto e cadeirinha infantil não normatiza o impacto lateral, somente o frontal. No teste, todos os produtos tiveram resultado satisfatório na avaliação de impacto frontal.

O consultor da Galzerano, Roberto Guimarães, diz que o teste da Proteste usou padrões de segurança diferentes daqueles usados na certificação dos produtos vendidos no Brasil.

Em nota, a Burigotto e Pég-Perego, informaram “todas as cadeiras para automóveis que produzem e/ou comercializam são certificadas de acordo com todos os requisitos de segurança da norma ‘ABNT NBR 14400 – Dispositivos de Retenção – Requisitos de Segurança’ o que garante a plena segurança das cadeiras para auto”.

“ Com mais de 60 anos de atuação no mercado, as empresas sempre obtiveram excelente desempenho em todos os requisitos de segurança da referida norma. Além disso, destacam que aguardam o Relatório de Ensaio completo da ProTeste para avaliação”, diz a nota.

O gerente de marketing da Dorel, dona das marcas Cosco, Maxi Cosi e Bebé Confort (essas duas também foram testadas), Diego Spino, informa que os produtos foram aprovados pela regra brasileira de segurança de cadeirinhas e bebê-conforto. Ele questiona a metodologia utilizada no teste, realizado na Espanha e a amostra de cadeirinhas. “Não acredito que os produtos testados representem o mercado brasileiro.”

O coordenador técnico da Proteste, Dino Lameira, afirma que o ideal é que o Inmetro passe a utilizar o impacto frontal na avaliação de segurança das cadeirinhas e bebê-conforto. O Inmetro ainda não se manifestou.

Isofix

A Proteste defende que as cadeirinhas infantis tenham o sistema de fixação do tipo Isofix (que prende diretamente na carroceria do carro) por ser mais seguro e facilitar o manuseio do produto.

As fabricantes de cadeirinhas e bebê-conforto informam que não podem oferecer produtos com esse tipo de fixação, pois a norma brasileira que regulamenta o isofix ainda não foi publicada. A expectativa é que isso ocorra em 2014.

Meu bebê-conforto, comprado nos EUA, vinha com isofix, No entanto, meu carro não tinha esse sistema de fixação. Ou seja, não adianta a cadeirinha vir com o sistema se o carro não tem.

Vídeo abaixo mostra impacto da colisão lateral numa cadeirinha de carro em caso de acidente:

 

Teste da Proteste sobre impacto lateral em cadeirinha (Crédito: Divulgação)
Teste da Proteste sobre impacto lateral em cadeirinha (Crédito: Divulgação)

 

Crédito: Editoria de Arte/Folhapress
Crédito: Editoria de Arte/Folhapress