Contra vaidade, mães optam em não furar orelha das filhas
Assim que a mãe descobre que está grávida de uma menina logo ganha um presente: um par de brincos. Muitas mulheres, no entanto, têm optado em guardar a joia na gaveta para não furar a orelha da recém-nascida. Elas contam que são contra pois o bebê sentirá dor para ‘satisfazer uma vaidade’ da família.
A jornalista Mariana Whitehead Guimarães, 29, ainda não furou a orelha de Ana Luísa, de 2 anos. E conta que nem pretende fazer isso tão cedo. “Não acho legal tomar uma decisão que diz respeito ao corpo dela. É uma escolha que ela tem que fazer, além disso, tem a questão das alergias e da coceira. Se ela sentir algum incômodo, não conseguiria dizer o que está sentindo”, comenta.
Para ela, as pessoas furam as orelhas por uma questão cultural e por pensar que o bebê não sente dor. Mariana diz que a decisão de colocar ou não brincos será da filha e que ela irá acompanhá-la quando a menina demonstrar interesse. Mariana conta que ela só colocou brinco aos cinco anos porque quis. “Escolhi os brincos e furei minhas orelhas. Sem choro, sem trauma, sabendo que era aquilo que eu queria. Espero poder proporcionar essa escolha para ela”, diz.
As mães contam que pela criança não usar brinco as pessoas chegam a confundir o bebê com um do sexo masculino. “Algumas vezes me perguntaram o nome dele, e eu respondia ‘Ana Luísa’ e a pessoa ficava sem graça e falava: ‘ah, é que não tem brinco’. Eu simplesmente respondia que ela teria brinco quando pudesse escolher furar as orelhas”, conta Mariana. Segundo ela, não precisa de brinco para mostrar que é uma menina. “Existem fitas, presilhas, lacinhos, roupa cor de rosa”, exemplifica.
A pediatra Ana Paula Caldas, 45, também optou em não furar as orelhas da filha Lis, hoje com nove anos. Ela conta que quando a menina tinha sete anos decidiu que queria colocar brincos. “Expliquei que ia doer. Ela furou a primeira orelha, sentiu dor, se arrependeu e queria desistir. Mas, quando viu o brincou achou bonito e aguentou firme para furar a outra orelha”, conta.
Ana Paula, que trabalha com parto humanizado, diz que muitas mães optam em não vacinar os filhos na maternidade para evitar a picada, mas permitem furar a orelha nos primeiros dias de vida. “Acho que isso não faz sentido, é um total contrassenso. Além de ser doloroso, o único objetivo é a vaidade dos pais, não da criança. Embora a vacinação seja dolorosa, ainda têm a seu favor uma possível prevenção da doença”, comenta.
Segundo a pediatra, é mito dizer que o bebê sente menos dor do que uma criança para furar a orelha ou tomar vacina, por exemplo. “Existe uma cultura de que ‘bebês não sentem dor’ e que se furar quando a menina é recém-nascida ela sente menos do que quando é maior, o que não é verdade”, relata.
COMO FURAR A ORELHA
Para os pais que decidem furar a orelha, existe a opção de chamar profissionais que atendem na própria casa do bebê, como enfermeiros, já que as maternidades não fazem mais esse procedimento como era comum antigamente. Quem preferir, também pode ir até uma farmácia onde também é possível furar a orelha do bebê. Os pais podem optar em furar com o uso de uma espécie de pistola que faz o furo e coloca junto o brinco ou ainda fazer o furo utilizando o próprio brinco.
Alguns pais também optam em procurar acupunturistas que procuram um ponto neutro para furar a orelha para que não ocorra nenhuma perda energética.
Após furar as orelhas, os pais devem ficar atentos se não há nenhum sinal de inflamação na área. Se houver algum tipo de irritação, a recomendação é retirar imediatamente os brincos e perguntar para o pediatra se deve ser passada alguma pomada ou medicamento específico no local.
A recomendação é que uma vez por dia seja passado um pouco de álcool a 70% na orelhinha e ao redor do brinco. Também é muito importante secar bem a área após o banho.
Você furou as orelhas da sua filha? Ela chorou? Qual idade achou melhor para colocar os brincos nela?