Febre, dor e inchaço são reações comuns após a vacina; saiba minimizar efeitos

FABIANA FUTEMA

Não se assuste se seu filho ficar com febre após tomar uma vacina. Ele também pode ter dor e inchaço no local da aplicação da agulha. Especialistas dizem que esses sintomas, em geral, são de curta duração.

Segundo eles, as reações variam de criança para criança. Guido Levi, vice-presidente da SBIm (Sociedade Brasileira de Imunizações), diz que algumas nem chegam a ter reação.

Autor do livro “Recusa de Vacinas – Causas e Consequências”, Levi diz que as reações causadas pelas vacinas são infinitamente menores que o risco de contrair uma doença pela falta de imunização. “Se a criança não tomar a vacina contra sarampo, por exemplo, estará sujeita a doenças respiratórias e a uma febre muito mais alta do que se tivesse imunizado.”

Os médicos rejeitam a associação imediata que é feita entre a vacina e toda e qualquer dor que a criança venha a sentir depois.

“Tudo que ocorre após a administração de uma vacina ou de qualquer medicamento terá uma associação temporal com a aplicação”, diz o infectologista Aroldo Prohmann de Carvalho, membro do conselho científico do departamento de infectologia pediátrica da SBP (Sociedade Brasileira de Pediatria).

Levi diz que muitas dores atribuídas às vacinas ocorreriam independentemente da imunização. “É importante saber que a maioria das vacinas não dá reação. Os pais devem se informar com o pediatra para saber que reações esperar de cada vacina.”

Carvalho lembra que algumas das supostas reações podem ter ligação ao estado de saúde da criança antes de tomar a vacina e ao seu histórico familiar.

Reações

A pedido do Maternar, Carvalho listou as reações mais comuns provocadas pelas vacinas. As que usam vírus vivos, por exemplo, são as que mais costumam causar febre. “Em geral, a febre é de curta duração e não causa grandes transtornos.”

Segundo ele, as vacinas mais doloridas e que causam inchaço e vermelhidão são aquelas que “são acrescentadas de substâncias para aumentar a resposta imunológica”. “Isso ocorre com as vacinas contra difteria e tétano e algumas contra influenza, por exemplo.”

Outra reação à vacina é a diarreia, que pode ocorrer após a aplicação de vacinas orais, como rotavírus e pólio.

Com tantas reações, os pais devem se perguntar o que fazer para minimizar os incômodos causados por algumas vacinas. Carvalho diz que há pouca coisa a fazer.

Antigamente, os pediatras orientavam os pais a dar um antitérmico antes de levar o filho para vacinar. Depois descobriram que o remédio poderia diminuir a eficácia da imunização. Alguns pediatras indicam a colocar compressa de algodão embebido em chá de camomila no local da aplicação da vacina. Pergunte ao seu o que fazer.

“Não se justifica deixar de vacinar uma criança ou adulto por temor dos possíveis eventos adversos, a não ser em casos excepcionais”, diz Carvalho.

Vacina dos postos x vacina das clínicas particulares

Você vira mãe e descobre que existem dois calendários diferentes de vacinação para as crianças.

Um é o calendário da rede pública, com vacinas disponíveis gratuitamente nos postos de saúde. Outro é o calendário da Sbim e SBP (Sociedade Brasileira de Pediatria), que inclui vacinas vendidas nas clínicas particulares.

Resumidamente, os postos não oferecem todas as vacinas vendidas nas clínicas particulares _caso da hepatite A.

Também não aplicam a mesma quantidade de doses: apenas uma da tetraviral enquanto os pediatras pedem que a criança tome duas.

Há variações na composição de algumas vacinas dos postos em relação às oferecidas nas clínicas particulares. Pediatras dizem que as vacinas das clínicas utilizam vírus inativados ou mais purificados, o que causaria menos reação.

Outra diferença é na vacina contra pneumonia, que na rede pública combate 10 tipos de enfermidade contra 13 da vendida nas clínicas particulares.

Independentemente das diferenças, especialistas dizem que o importante é garantir que a criança tome todas as vacinas.

Como as diferenças de calendário diminuíram bastante nos últimos anos, os pais podem dar nas clínicas somente as vacinas que não estão disponíveis nos postos.

Quando meu filho nasceu, por exemplo, a vacina contra a poliomielite dos postos era dada somente na forma de gotinha, com vírus vivos. Mais tarde, o governo introduziu a versão intramuscular, com vírus inativado, no calendário da rede pública. Na época, eu paguei pela vacina _que é combinada a outras_ só por medo do risco da pólio vacinal, que é ínfimo.

Outro avanço na rede pública foi a introdução da vacina contra varicela, mesmo que em dose única.

“Mesmo com um risco maior de reações, a vacina indicada pela rede pública é segura, eficaz e efetiva”, diz Carvalho.

 

Criança é vacinada em posto de saúde (Foto: Eduardo Knapp-22.mar.2010/Folhapress)
Criança é vacinada em posto de saúde (Foto: Eduardo Knapp-22.mar.2010/Folhapress