Mastite atrapalha, mas não impede amamentação

Giovanna Balogh
Bebê deve fazer a pega correta na hora da mamada abocanhando a aréola (Foto: Zdenek Fiamoli / Shutterstock)
Bebê deve fazer a pega correta na hora da mamada abocanhando quase toda a aréola (Foto: Zdenek Fiamoli / Shutterstock)

Ela surge como se fosse uma forte gripe. Você sente mal-estar, calafrios e tem até febre. Depois, o seio fica avermelhado, inchado e dolorido. O que parecia ser um simples resfriado, no entanto, é na verdade a mastite (inflamação da mama), uma das principais inimigas da amamentação.

O médico Flávio Roberto Tanesi, do Hospital Santa Catarina, recomenda que as mães que amamentam procurem imediatamente um médico ao sentirem esses sintomas. “Em 99% dos casos é mastite”, comenta. Normalmente o tratamento é feito com antibióticos.

A mastite acontece devido a estagnação de leite materno, que pode ser causado por vários fatores. “Mamadas com horários regulares, redução súbita no número de mamadas, longo período de sono do bebê à noite, uso de chupetas ou mamadeiras, não esvaziamento completo das mamas, freio de língua curto, criança com sucção fraca, produção excessiva de leite, separação entre mãe e bebê e desmame abrupto são algumas causas”, explica a especialista em amamentação Fabiola Cassab, do Matrice  (grupo de mães que faz reuniões e orienta sobre a importância da amamentação).

Apesar de atrapalhar a amamentação, os médicos e especialistas em amamentação garantem que não é preciso parar de amamentar. Pelo contrário. A mãe deve oferecer mais vezes o peito para que o bebê ajude a drenar o leite acumulado, ou seja, é preciso oferecer ao bebê inclusive a mama infeccionada.

A jornalista Lenina Velloso, 32, teve mastite quando a filha Luísa tinha apenas duas semanas de vida. Ela conta que o primeiro sintoma que notou foi a febre alta pois os seios estavam bem cheios e duros desde o dia do parto.

“Tive que tomar antibiótico, mas só melhorou mesmo quando coloquei a minha filha para mamar no peito inflamado. A dor no seio é horrível, mas o pior mesmo era a moleza que a febre dava. A febre derruba a gente e eu não queria ficar na cama, queria cuidar da minha filha”, comenta.

Lenina diz que o que ficou com mais medo foi de precisar ser internada e correr o risco de ficar longe da filha já que nem todos os hospitais permitem que mãe e bebê sejam internados juntos até a recuperação da mãe. A jornalista conta que a mastite não impediu que continuasse amamentando Luísa, que está com dois meses.

Em casos mais graves, a mastite pode progredir e virar uma infecção bacteriana. “Mesmo assim, não é preciso fazer o desmame”, orienta Fabiola. Nesse caso, a paciente precisa ser internada e é colocado um dreno para retirar o pus acumulado. O médico, explica que a mastite pode ocorrer logo que a mãe começa a amamentar, mas também mais para frente.

“Tem mães que tem mastite quando o bebê já está com 4 ou 6 meses, por exemplo”, comenta o médico. Fazer a ‘pega’correta da boca da criança com o seio é uma das maneiras para tentar evitar a terrível mastite. A pega correta, explica Fabiola, consiste em a aréola  entrar o máximo que consegue na boca do bebê é preciso que a língua dele saia para a retirada do leite.

A especialista em amamentação diz ainda que é muito importante nessa hora um suporte emocional para a mulher para que ela não desista da amamentação e seja orientada para fazer o esvaziamento adequado do peito. “A mulher deve repousar, não pode usar nada que aumente a produção de leite, como bombas para extrair leite, compressa quente e medicação que aumente o leite”, comenta. Outra recomendação é a mulher ingerir muito líquido, principalmente, água.