Projeto doa peruca para crianças com câncer; veja reação de menina

Giovanna Balogh

Já pensou em cortar as suas longas madeixas e doar? E o melhor: beneficiar uma criança com câncer. Foi por meio de uma doação que Ana Carolina, 5, ganhou uma peruca em fevereiro passado. A menina teve câncer de ovário que foi descoberto em maio do ano passado e, após a cirurgia para a retirada do ovário esquerdo, precisou fazer sessões de quimioterapia.  Segundo a mãe de Ana Carolina, a estudante Tatiana de Melo Berra, 35, o cabelo todo da filha caiu em um período de apenas 15 dias.

Mesmo sendo muito vaidosa, a menina não se abalou ao ficar careca e aprendeu a não se importar com os comentários dos outros.“Ensinei a ela que o cabelo podemos ter de várias formas, longo ou curto. É  como trocar a roupa”, diz Tatiana. Ana Carolina, nos dias mais quentes, dispensava a peruca e o lenço e saía para passear sem qualquer encanação.

A oportunidade de ganhar uma peruca para alegar a menina só foi possível por meio do Cabelegria, um movimento que começou em novembro passado na internet e que cada dia tem ganhado mais força. O trabalho de arrecadar doações de cabelos e confeccionar as perucas  é totalmente voluntário.

Tatiana conheceu o Cabelegria por meio de uma prima e de uma amiga que doaram o cabelo. “Entrei em contato com eles e não contei para a minha filha da peruca. Ela ficou maravilhada com o presente”, comenta a mãe que filmou a reação da filha. Hoje, o cabelo da menina já começou a crescer após encerrar as sessões de quimioterapia no final de outubro.

A ideia do Cabelegria surgiu quando uma amiga da designer Mariana Robrahn, 24, cortou o próprio cabelo para doar para uma paciente de um hospital de São Paulo. Mariana e a amiga Mylene Duarte, 23, decidiram criar uma página no Facebook que hoje tem mais de 120 mil curtidas. De acordo com Mariana, já foram feitas mais de mil doações e quase dez perucas já foram doadas. “Nós juntamos os cabelos até termos quantidade suficiente para uma peruca”, comenta Mariana.

Segundo ela, é necessário cerca de 180 gramas de cabelo para uma única peruca. Após conseguir a quantidade necessária, o material é encaminhado para um salão de beleza na Lapa (zona oeste de SP) que confecciona as perucas.

Não importa se o cabelo tem química ou se é liso ou crespo. Para ser um doador, basta que o cabelo tenha no mínimo um palmo de comprimento (10 centímetros). As doações são retiradas pelos idealizadores da Cabelegria em São Paulo ou podem ser enviadas pelos Correios para eles (veja como abaixo).

Eduarda de Cássia, 9, também foi uma das presenteadas com uma peruca em janeiro.  “Por incrível que pareça, a peruca que ela ganhou veio com o cabelo muito parecido com o meu”, comenta a mãe da menina, Maria Estela Vieira de Matos Dias, 37.  Eduarda teve um tumor no rim e ainda passa por  sessões de quimioterapia e de radioterapia. Por conta do calor, a menina utiliza as novas madeixas apenas quando brinca de dançar ou de se maquiar.

Já a estudante Jéssica Orlandin, 21, decidiu cortar as longas madeixas para doar para o Cabelegria. Ela conta que já tinha feito outras duas doações, em 2006 e 2008, para uma ONG que já não existe mais.

Jéssica descobriu em dezembro do ano passado um linfoma e atualmente passa por sessões de quimioterapia de 15 em 15 dias. “Uma das primeiras coisas que passa pela cabeça de todo mundo quando se fala em quimioterapia é a perda de cabelos e comigo não foi diferente. Fui alertada que havia grande risco de eu ficar careca, e logo depois da primeira quimio, meu cabelo começou a cair mais do que o normal”, comenta.

Jéssica, que estuda veterinária em uma faculdade no Rio Grande do Sul, faz agora apenas aulas à distância para seguir com o tratamento em São Paulo. “Passei por todo o estresse dos exames, das biópsias de medula óssea, da colocação do cateter, da quimio e dos efeitos delas, só podia agradecer por já ser madura o suficiente para entender o que estava acontecendo. Agora, imagina uma criança passar pelo mesmo que estou passando”, comenta.

Ela conta que como sabia que perderia os cabelos, decidiu que queria fazer uma criança feliz. Jéssica diz que conheceu o Cabelegria pela internet. “Sei que meu cabelo agora vai ter um destino feliz, e desejo que dê muita sorte e força para a criança que receber a peruquinha”, comenta Jéssica que vai assumir a carequinha assim que não tiver mais cabelo.

A estudante Jéssica está em tratamento para um linfoma e também fez a doação (Foto: arquivo pessoal)
A estudante Jéssica está em tratamento para um linfoma e também fez a doação (Foto: arquivo pessoal)

COMO DOAR:

– Ter comprimento de no mínimo um palmo (10cm)
– Aceitamos qualquer tipo de cabelo mesmo que tenha química.
– Amarre o cabelo antes de cortar, para facilitar o manuseio.
– Coloque, o cabelo seco, em um saco plástico.
– Enviar o cabelo já seco para o endereço abaixo

Avenida Parada Pinto, 3420, bloco 06 – apto 33
Vila Nova Cachoeirinha CEP 02611-001
São Paulo – SP