Cueiro dá ‘contenção gentil’ para deixar bebê tranquilo

Giovanna Balogh

Recém-nascido gosta e precisa de colo, peito e…aconchego. Quando nasce um bebê muitas vezes os pais ficam sem saber como saciar aquele choro aparentemente sem motivo. A fralda está trocada, o bebê está alimentado, então, o que ele quer? Algo bem simples e muito fácil de resolver: uma contenção.

Para oferecer essa contenção, os pais devem apelar para as receitas das vovós e das bisavós com o bom e velho cueiro. O cueiro nada mais é do que enrolar o bebê para que ele se sinta mais seguro e, consequentemente, consiga dormir melhor. “O bebê quando está na barriga da mãe tem uma contenção dos movimentos. Ao nascer, o mundo fica muito grande e isso muitas vezes incomoda o bebê. O cueiro foi feito para dar essa contenção elástica gentil”, comenta a pediatra Honorina de Almeida, conhecida como Nina, da Casa Curumim.

A pediatra diz que o cueiro consegue tranquilizar o recém-nascido. Ela explica que, diferente daquele ‘charutinho’ que era feito pelas nossas avós, o cueiro feito hoje em dia permite uma leve movimentação do bebê. “Antigamente fazia o enrolamento do bebê esticando as pernas e braços, o que é um erro. Ele ficava em extensão, mas precisa estar em semiflexão”, orienta.

Segundo a pediatra, prender muito pode gerar o efeito contrário, ou seja, irritar ainda mais o bebê. “O importante é fazer uma contenção confortável e gentil para que o bebê tenha alguma movimentação. O cueiro consegue tranquilizar o bebê”, comenta. O cueiro é útil na hora do bebê dormir assim como o balde ajuda a tranquilizar o recém-nascido na hora do banho, ou seja, há uma limitação de espaço que dá segurança a ele.  A médica diz que o cueiro pode ser usado, inclusive, na hora do banho. “Em vez de tirar toda a roupa, pode enrolar em fraldinha no bebê. Ele vai mais contido até entrar na água e então você retira”, explica.

Recém-nascida dorme enrolada em cueiro (Foto: arquivo pessoal)
Recém-nascida dorme enrolada em cueiro (Foto: arquivo pessoal)

A pediatra diz que os pais podem fazer o cueiro já nos primeiros dias de vida e que pode ser utilizado a qualquer momento do dia nos primeiros meses. A técnica tem sido usada, inclusive em UTI (Unidade de Terapia Intensiva) neonatal onde os bebês em incubadoras são enrolados para ficarem um pouco mais tranquilos.

Ela explica que não há regras de quando a técnica não deve ser mais utilizada. “O bebê vai mostrar que não quer mais, que não se sente mais confortável”, diz Nina. Segundo ela, por volta do terceiro mês de vida a maioria dos bebês já não quer mais o cueiro.

O cueiro é muito aconchegante, principalmente, para as crianças que nascem nas épocas mais frias do ano. Mas, nos dias quentes também é possível fazer a contenção com um pano mais leve. A pediatra aconselha os pais a usar, por exemplo, tecidos como tolha fralda. Também é possível utilizar cueiros de flanela ou algodão. “No calor, pode enrolar o bebê só vestindo a fralda.”

Os bebês, no entanto, não devem passar o dia todo enrolado. “O bebê tem que ter experimentações. O cueiro deve ser usado quando ele estiver mais irritado. Tem bebê que usa na hora que é amamentado, outros para dormir. Não há regras”, explica.

Segundo ela, assim como o sling (carregador feito de pano), nem todos os bebês se adaptam ao cueiro. “Não serve para todos os nenês. Usa se gostar, se você se adaptar”, aconselha. Izabella Loiola, 33, que é mãe de duas crianças, conta que só conseguiu usar o cueiro na filha mais velha. “O meu filho suava demais e nunca ficou confortável no cueiro. Já com a Alice usávamos sempre que ela ia dormir”, diz Isabella, que aprendeu a usar o cueiro vendo vídeos na internet.

Para os pais que não conseguem utilizar um pano qualquer, há opções no mercado que já vem com o cueiro semipronto, como o baby wrap da Morada da Floresta, que facilita na hora de arrumar o bebê.

A designer de interiores Marina Beatriz Bassoi, 34, comprou um baby wrap nos EUA para usar nos primeiros meses de vida da filha Júlia, 1. “Usei até ela completar quatro meses. Usava todas as noites para ela dormir e algumas vezes durante o dia para tentar acalmar”, comenta.

Marina conta que percebeu que a filha ficava mais segura e não se assustava com os reflexos que tinha, por exemplo, enquanto dormia. “Ela dormia muito melhor quando estava no cueiro. Dormia a noite toda”, comenta. Quando o cueiro pronto estava lavando, Marina utilizava um pano comum e prendia com esparadrapo para não desenrolar com facilidade.

Veja como no vídeo abaixo: