Bebês não precisam tomar banho logo ao nascer
O bebê nasce e logo vai para o berçário onde toma o primeiro banho que é acompanhado pelo vidro pelo pai e familiares que fotografam e filmam empolgadamente. A cena é comum em todas as maternidades particulares do país, mas o bebê realmente precisa do banho nas primeiras horas de vida? O bebê vai curtir aquilo?
O pediatra Douglas Nóbrega Gomes diz que não. “Não há necessidade de dar banho, como a maioria das maternidades faz. A gordura que o bebê tem na pele quando nasce é a melhor proteção nas primeiras 24 horas”, explica o pediatra. Segundo ele, o sabonete também não precisa ser usado, ou seja, o banho deve ser feito apenas com água morna.
Gomes, que trabalha na Casa Curumim, em São Paulo, diz ainda que o primeiro banho pode ser no quarto junto com a mãe. O médico conta que dá preferência em dar o banho com o bebê enrolado em panos e dentro do balde. “Desta maneira, ele relaxa e até dorme no banho”, explica. Nos banhos tradicionais nos berçários, a cena geralmente é da criança chorando por estar naquele ambiente estranho e longe da mãe.
De acordo com informações da Sociedade Brasileira de Pediatria, não é preciso dar banho imediatamente após o nascimento e o vérnix caseoso (a camada de gordura que recobre a pele do recém-nascido) não deve ser removido. A remoção do vérnix que não foi reabsorvido pelo organismo deve ser feita somente 24 horas após o nascimento.
Como nem todas as maternidades seguem essas recomendações, mães têm contrato pediatras particulares para acompanhar o parto, ou seja, dispensam o que está de plantão na maternidade. A internacionalista Larissa Gama Maglio, 31, optou em contratar uma médica no nascimento do filho Pedro, ocorrido há quase três meses em uma maternidade particular de São Paulo.
Larissa conta que o banho só ocorreu no dia seguinte ao nascimento e que o filho ficou tranquilo e que quase dormiu. “A carinha de relaxado dele foi o máximo”, comenta. Outra vantagem do pediatra particular, diz a mãe, é ficar o tempo todo com o bebê.
Os pais que são atendidos pelos pediatras de plantão também podem exigir o alojamento conjunto durante todo o tempo da internação, ou seja, o bebê não precisa ficar horas separado da mãe no berçário. Muitas vezes, no entanto, é encontrada resistência por parte dos funcionários das unidades que seguem os chamados ‘protocolos’. “O alojamento conjunto é um direito. E é o melhor para mãe e bebê. O berçário é um ambiente ‘frio’ onde o bebê fica sozinho, em um berço transparente, exposto. O ideal é estar sempre perto da mãe”, comenta.
A mãe de Pedro comenta que foi decisivo a opção de contratar um pediatra extra quando visitou amigas nas maternidades pouco antes do filho nascer. Segundo ela, muitos bebês estavam tomando leite de fórmula que era prescrito pelo pediatra do hospital. “Sempre quis dar só o meu leite”, comenta.
CUIDADOS NO NASCIMENTO
O pediatra diz que o bebê que nasce bem deve ir para o colo da mãe imediatamente, como recomendado pelo Ministério da Saúde. Essa medida deve ser adotada independente se o bebê nasceu de parto normal ou cesárea. “Os bebês devem nascer e ir para o colo da mãe, ter o chamado contato ‘pele a pele’. Somente depois de mamar ele será medido e pesado”, orienta.
Está cientificamente comprovado que os bebês que mamam na primeira hora de vida têm maior possibilidade de estender seu período de amamentação exclusiva, chegando com mais facilidade ao ideal recomendado pela Organização Mundial da Saúde de alimentar os bebês exclusivamente ao seio até os seis meses de vida e manter a amamentação, junto com alimentos complementares, até dois anos de vida ou mais.
As aspirações das vias aéreas dos bebês também não são necessárias na maioria dos nascimentos. “O bebê só será aspirado caso seja necessário. Apenas 10% dos bebês precisam ser aspirados. Desde 2010 está técnica não é mais utilizada de praxe”, comenta. Essas medidas acontecem apenas se a criança nasceu bem e essa avaliação é feita em poucos minutos pelo pediatra.
“Depois do nascimento, o pediatra avalia com atenção o estado do bebê, ou seja, se ele não é prematuro, se o líquido amniótico é claro, isto é, sem mecônio; se a respiração é regular, e se os braços e as pernas estão flexionados. Se isto acontecer, o nascimento ocorreu de forma ideal”, explica.
Se está tudo dentro da normalidade, o recém-nascido que vai direto para o colo da mãe, segundo o médico, se adapta com mais tranquilidade ao novo ambiente menos quente, mais barulhento e com maior força de gravidade do que o intrauterino.