Como fazer a escovação e a ida ao dentista ser sem traumas para os filhos

Giovanna Balogh

Muitos bebês e crianças fazem um verdadeiro ‘escândalo’ na hora que uma escova de dentes é levada em sua direção. Mas, como fazer com que esse momento do nosso cotidiano seja o menos ‘traumático’ para nós e nossos filhos? Se a escovação é ruim, imagina então a ida ao dentista. Mas, dentistas dizem que é possível transformar em diversão esses momentos de ‘tensão’.

Uma dica é deixar a criança ‘brincar’ com a escova, mastigar as cerdas até que acabe a ‘curiosidade’ e ela se ‘familiarize’ com aquele objeto. “Na hora da escovação, é muito importante ter delicadeza na manipulação. Por ser uma região sensível, pode gerar algum tipo de desconforto para o bebê”, comenta a dentista Marina Beloti.

Ela também aconselha os pais a escovar os seus dentes com o bebê para “dar o exemplo”. Outro fator importante é colocar a escovação como rotina na higiene do bebê assim como lavar as mãos, por exemplo.  “A consciência da higienização e a criação do hábito de ter a boca limpa são fatores relevantes para a saúde bucal da criança. A limpeza deve iniciar já com o nascimento dos primeiros dentes”, explica.

Segundo a dentista, os pais no início podem utilizar apenas uma gaze umedecida ou escova pediátrica macia. “Quando o bebê apenas mama ainda não é necessário o uso de creme dental”, ressalta. Após a introdução de alimentos, após os seis meses, as pastas podem começar a ser introduzidas.  A recomendação é usar pasta sem flúor até que a criança aprenda a bochechar e cuspir a pasta já que o flúor não deve ser engolido.

PRIMEIRA CONSULTA

A dentista aconselha a procura de um odontopediatra quando o bebê ainda está na barriga da mãe. Segundo ela, nessa consulta os pais são apenas orientados sobre a importância da higienização, a amamentação e até os prejuízos causados por utilizar chupetas e mamadeiras. Depois, ela aconselha retornar ao consultório somente quando começarem a surgir os primeiros dentes do bebê – normalmente após os seis meses de vida.

A dentista Mônica Barreto Pereira diz que nem sempre o bebê vai desde cedo ao dentista, mas que isso deve ser feito assim como é o acompanhamento com o pediatra pois a criança vai ganhando empatia com o profissional.

Já com os maiorzinhos que vão pelo consultório pela primeira vez, ela conta que conversa muito com a criança e descobre suas preferências antes da consulta. “Se gosta de super-herói, por exemplo, puxo as brincadeiras e fantasias nessa direção. Se gosta de Peppa, invento outras historinhas”, comenta. A luzinha usada para examinar pode virar a o farol de um carro, os óculos colocados na profissional e no pequeno paciente também viram momentos de brincadeira.

“É muito importante os pais tratarem a escovação como um momento natural, como dar banho, trocar a fralda. Cada pai tem seu jeitinho de ‘convencer’ a criança a fazer esses procedimentos de higiene, então, não deve ser diferente na hora de escovar os dentes”, comenta.  A odontopediatra diz que vale usar musiquinhas, livros, dancinhas e outros artifícios lúdicos.

Para ela, os pais também não devem demostrar para os filhos o medo que muitas vezes eles próprios têm do dentista.

O exame odontológico nos pequenos é um procedimento minimamente invasivo. “O consultório odontológico é transformado em uma verdadeira brinquedoteca e por meio de brincadeiras o profissional apresenta os equipamentos, instrumentos e acessórios que irão condicionar a criança e aceitar a intervenção de maneira mais tranquila”, diz Marina, que dá cursos de orientação aos pais sobre higiene bucal. Ela comenta que quanto mais relaxada e confiante estiver a criança, melhor será o desenrolar da consulta.

A publicitária Miriam Barreto, 33, levou recentemente a filha Sara,3, na primeira consulta. Ela conta que a dentista conversou muito com a criança antes de irem para a cadeira.  “Ela usou fantoches, livros, contou historinhas. Foi tudo muito lúdico. Ela literalmente preparou ‘o meio de campo’ para ganhar a confiança da minha filha”, comenta.

Durante a consulta, a menina deixou que a dentista olhasse dentro da sua boca sem a menor crise. “Ela chegou a colocar um óculos nela de brinquedo e no fim a cadeira da consulta virou um escorregador”, diz Miriam, uma das autoras do blog Na Pracinha.

CÁRIE DE MAMADEIRA

Nas consultas, uma dos alertas dos dentistas é em relação a um dos erros mais comuns cometidos pelos pais após a criança desmamar do seio materno: dar o leite na mamadeira após a escovação dos dentes. “A mamadeira com leite artificial envolve um alimento com açúcar e, associado à má higiene, predispõe a criança à cárie”, comenta Marina.

A dentista Mônica diz que a chamada ‘cárie de mamadeira’ pode ser evitada se os pais mudarem esse costume de deixar a criança adormecer com a mamadeira na boca.

Para a maioria dos dentistas, a mamadeira e a chupeta são dois ‘vilões’ e devem ser evitados devido aos prejuízos que pode causar na arcada dentária da criança.

A alternativa é recorrer aos copinhos onde o bebê consegue realizar o movimento de sucção de maneira muito semelhante à que realizaria no seio de sua mãe. Essa opção deve ser usada principalmente, segundo especialistas em amamentação, por bebês que mamam no seio da mãe e que são amamentados por terceiros enquanto a mãe está no trabalho, por exemplo. Os copos fazem com que não haja confusão de bicos, ou seja, o bebê não vai querer trocar o seio pela mamadeira.