Pais se unem e criam a escola ideal para os filhos

Giovanna Balogh
Pais criam escola que respeita o tempo de cada criança (Foto:  Matias Larco/Divulgação)
Pais criam escola que respeita o tempo de cada criança (Foto: Matias Larco/Divulgação)

Desafio para um pai é encontrar uma escola que considere perfeita para o seu filho. Se oferece alimentos saudáveis, nem sempre tem uma proposta pedagógica interessante. Se prioriza as brincadeiras, muitas vezes não oferece horários ideais para quem tem filhos pequenos.

É pensando nisso que cada vez mais pais têm se unido e criado a escola que consideram perfeita para seus pequenos. Em Ubatuba, no litoral norte de São Paulo, pais e mães criaram em 2009 a Jardim Primavera, que é uma escola Waldorf.  Nesse tipo de ensino, é respeitado o tempo de cada criança, independente da idade que ela tem, fora que a arte, a música, a natureza são usados no dia-a-dia no aprendizado onde é trabalhado o lado emocional, social, cognitivo e espiritual da criançada.

“A escola trata o indivíduo como um ser integral e harmonioso, com corpo, alma e espírito. A pedagogia Waldorf respeita o tempo de desenvolvimento da criança, não antecipando conteúdos, fazendo a criança descobrir o mundo de forma gradual e encantadora, despertando assim dentro delas um interesse e amor pelo o mundo”, explica Raquel Nunes , professora da escola.

Essas escolas também fogem do tradicional pois a manutenção dela, como cuidar do jardim, é feito por meio de mutirões realizados pelos próprios pais e alunos, ou seja, a interação dos pais vai além de reuniões de pais e mestres.

Raquel diz que a ideia é que a escola cresça ainda mais no próximo ano e não fique mais restrita ao ensino infantil.  “Vamos ampliar a escola pois temos várias crianças, inclusive as crianças fundadoras da escola, que vão entrar no primeiro ano em 2015. Então, estamos trabalhando muito para que esse projeto se realize, pois acreditamos ser o momento certo”, diz. A escola recebe, por enquanto, crianças até sete anos que ficam na escola por um período de quatro horas.

Para conseguir ampliar a unidade, no entanto, foi criado uma crowdfunding (financiamento coletivo) para que possam ser construídas três salas de aula. O dinheiro é doado por meio da Benfeitoria e, se a meta de R$ 30 mil, não for alcançada, os colaboradores recebem de volta a quantia doada.  Em menos de 15 dias, a unidade já conseguiu arrecadar quase 80% do previsto.

A bióloga Fabiana Carvalhal, 40, tem quatro filhas que estudam na escola desde agosto de 2013. Ela  diz que o principal diferencial da unidade é que vira uma extensão da casa. “É um aspecto muito bom para a primeira infância. O cultivo à espiritualidade e aos rituais rotineiros me deixam muito feliz com esta escolha”, comenta a mãe de Morena, 6, Malu, 2, e das gêmeas Aimê e Inaiá, 4 anos.

DIFICULDADES FINANCEIRAS

No Rio de Janeiro, outra escola Waldorf que foi fundada por pais é a “A Árvore – Jardim de Infância & Escola de Pais”. Inaugurada em fevereiro de 2012, a escola funciona como a de Ubatuba, ou seja, os pais pagam mensalidade.  As doações foram fundamentais para o início das atividades e, desde o mês passado, os pais estão novamente buscando ajuda.

A educadora ambiental Luciana Sereneski de Lima, 30, diz que há um valor fixo para a mensalidade, mas que também, nos casos em que a família precisa, é aberto o diálogo sobre o valor com o qual a família pode contribuir.

Ela diz que por conta de dificuldades financeiras estão enfrentando a perspectiva de ter que encerrar as atividades, apesar de este não ser o desejo dos pais nem dos educadores.  “Por uma série de mudanças que ocorreram no final de 2013 e início de 2014, durante esse ano tivemos menos crianças matriculadas do que o necessário para pagar os custos. Nossa reserva foi consumida por este déficit e acabou no mês de agosto”, comenta.

Além da busca por doações espontâneas nas redes de contato, assim como a escola no litoral de SP, a unidade carioca planeja fazer um crowdfunding.

“Nosso objetivo é buscar recursos externos e permanecer funcionando no mesmo local e modelo até o final do ano. Temos várias famílias interessadas em matricular as crianças para o ano que vem”, comenta. A unidade, que fica no Grajaú, zona norte do Rio, aceita crianças de dois a seis anos. Lá, os alunos ficam das 9h às 16h e os menores costumam ficar apenas das 9h às 13h. Veja o vídeo e entenda um pouco mais sobre a unidade.