Como viajar de avião com bebê de menos de dois anos
O fim de ano está aí e com ele as viagens também. Viajar com os filhos normalmente é uma aventura, com mala reforçada com roupas extras, fora brinquedos e livrinhos, fraldas e outras quinquilharias. Mas, viajar com bebês de avião pode não ser tão simples.
Apesar de não pagarem passagem, os bebês com menos de dois anos viajam no colo dos pais. O problema é que as empresas não oferecem cinto de segurança para o bebê, ou seja, a criança vai solta no colo da mãe ou do pai. Mas, se no carro eles têm que ir em cadeirinhas apropriadas, por que o mesmo não acontece nos voos?
Segundo a Sociedade Brasileira de Pediatria, há evidências científicas de que em caso de turbulência, situação em que as companhias aéreas costumam exigir o afivelamento do cinto de segurança de todos os passageiros, crianças conduzidas no colo têm risco muito grande de traumatismo grave e até morte. Os pais nunca devem, no entanto, afivelar a criança com o mesmo cinto que eles.
A advogada Virgínia Maluf, 33, vai viajar com o filho de apenas um ano para o Rio de Janeiro no próximo dia 27 pela Gol e, em dezembro, para os EUA pela TAM. Ela conta que queria um cinto canguru, que é usado por companhias internacionais, onde o cinto da criança é acoplado ao de seu acompanhante. “Liguei para as duas empresas para reservar um cinto, o chamado cinto canguru, para o meu filho. A resposta que tive era que não havia esse equipamento e que meu filho deveria ir solto no meu colo”, comenta a advogada.
Ela conta que, após a sua insistência, a TAM ofereceu o equipamento. Virgínia diz que na Gol diz que não tem o cinto e que se ela quiser que o filho vá em uma cadeirinha, tem que comprar um assento extra. “É um bebê de 13 quilos que está em risco. Não posso deixar ele viajar solto”, comenta Virgínia, que fez uma reclamação formal na Anac (Agência Nacional de Aviação Civil).
“Quem garantirá a segurança do meu filho que viajará no meu colo sem qualquer cinto? Quem garantirá que ele não vai se machucar se o avião tiver uma turbulência?”, questiona.
O departamento de segurança da Sociedade Brasileira de Pediatria recomenda que crianças de qualquer idade viagem de avião num assento individual, acomodadas da mesma maneira como nas viagens de automóvel. Assim, bebês menores de um ano e 10 kg devem ir num assento de segurança tipo bebê-conforto, voltado para trás. Já as crianças entre 10 kg e 20 kg devem ir num assento de segurança voltado para a frente enquanto as crianças com mais de 20 kg, em torno de cinco anos, podem usar o cinto de segurança regular da aeronave.
O QUE DIZEM AS EMPRESAS
Procurada pelo Maternar, a Anac informou que crianças com menos de dois anos não
pagam passagem, mas se os pais querem transportá-la no bebê conforto, que é oferecido pela companhia aérea, devem pagar uma passagem para a criança que ocupará um assento normal.
Segundo a Anac, não há cinto de segurança para acompanhante e bebê juntos. Em relação as máscaras de oxigênio, a Anac diz que as aeronaves já contam com máscaras extras por fileira para que sejam usadas pelas crianças de colo. O número de máscaras extras varia de acordo com as aeronaves.
Procurada, a Gol diz que é seguro o bebê viajar no colo e que atende a legislação vigente. “A Gol oferece uma cadeira (bebê conforto) que deve ser fixada no assento da aeronave. Para solicitar o equipamento, o cliente deve entrar em contato com a Central de Atendimento com até 48h de antecedência e adquirir um outro assento”, diz a empresa.
Já a TAM informa que oferece o cinto infantil em voos domésticos e internacionais sem custo adicional. Segundo a empresa, o equipamento não precisa ser solicitado previamente. Esse cinto pode ser solicitado para as crianças com menos de dois anos de idade, até 25 quilos e/ou até 1,16 cm de altura.
“Para crianças com até 11 kg ainda é possível contratar o serviço de berço, desde que solicitado com o mínimo de 48 horas de antecedência ao voo. Nos voos para a Europa e Estados Unidos, além do cinto, é possível também contratar o serviço de berço, mediante reserva prévia, disponibilidade e o pagamento da taxa correspondente”, diz nota enviada pela TAM. Já se a opção for usar o bebê conforto, também disponibilizado pela empresa, os pais têm que pagar o assento extra.
As duas companhias dizem ainda que os pais ou responsáveis com bebês de colo são acomodados em fileiras de assentos equipadas com máscara de oxigênio extra para uso, se necessário.