Teste indica fragilidade de cadeirinhas infantis de carro

FABIANA FUTEMA
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Lugar de criança dentro de carro é na cadeirinha. Mas será que todas as cadeirinhas são seguras e resistem a testes que simulam acidentes?

Teste encomendado pela ProTeste em parceria com a Global NCAP, um programa de avaliação de carros novos, encontrou fragilidade na proteção das cadeirinhas, principalmente na simulação de testes de impacto lateral. Alguns modelos também não obtiveram bom desempenho no teste de colisão frontal.

No entanto, a norma brasileira de certificação de cadeirinhas ainda não prevê exigências mínimas de segurança para casos de impacto lateral, somente frontal.

Foram avaliadas 13 cadeirinhas e nenhuma delas conseguiu a pontuação máxima do programa, que são cinco estrelas. Os modelos mais bem avaliados obtiveram três estrelas.

Num dos testes de colisão frontal, por exemplo, o modelo Galzerano Orion Master quebrou na parte traseira. O teste verificou grande deslocamento do boneco usado nos testes com as cadeiras Baby Style 7000 e Chicco Xpace.

Roberto Guimarães, consultor da Galzerano, disse que não comentaria o resultado do teste, pois não sabe quais parâmetros foram utilizados nem as condições da avaliação. Segundo ele, a Galzerano segue a norma de segurança da ABNT, que é a válida para o mercado brasileiro.

A representante da Chicco informa que também não recebeu os resultados do teste. “Não temos ciência dos procedimentos ou protocolos adotados no mesmo. Com os dados em mãos poderemos submetê-los à nossa área de qualidade em nossa matriz na Itália e, dessa forma, obter uma análise mais criteriosa.”

A Baby Style informou que não comentaria o resultado dos testes, pois “os ensaios realizados não foram efetuados com base na norma brasileira ABNT NBR 14400 sob a qual nossos produtos foram desenvolvidos e devidamente aprovados”.

Nos testes de colisão lateral com os modelos Burigotto Touring 3030 e Lenox Casulo houve forte contato da cabeça do boneco com a porta do carro, por exemplo.

Em nota, a Burigotto informa que “desconhece os critérios utilizados para a avaliação das cadeiras, publicada hoje, e pelas poucas informações disponíveis, conclui que os critérios utilizados são completamente diferentes daqueles usados para a certificação dos produtos”.

Procurada, a Lenox informou que não se pronunciaria porque não teve acesso à avaliação nem metodologia do teste.

A coordenadora da Proteste, Maria Inês Dolci, criticou o atraso do Brasil na regulamentação da segurança das cadeirinhas em casos de impacto lateral.

O Inmetro, responsável pela certificação das cadeirinhas, informa que “estuda outras possibilidades de aprimoramento do produto no Brasi”l. Quanto à inclusão do teste de colisão lateral nas análises para certificar cadeirinhas infantis, trata-se de objeto de estudo do Inmetro que não envolve apenas o Instituto, mas, também, os órgãos regulamentadores de trânsito e a indústria automotiva, parceiros nesta empreitada”, diz em nota.

USAR SEMPRE

Apesar do desempenho nos testes, o técnico da Proteste Dino Lameira, responsável pela avaliação, diz que é sempre é melhor usar qualquer cadeirinha do que nenhuma. “Já está comprovado que o uso da cadeirinha reduz o número de mortes de crianças em acidentes automotivos”, afirma.

Estudo divulgado em 2012 pelo Ministério do Saúde, dois anos após a obrigatoriedade do uso da cadeirinha, mostrou o impacto positivo da nova exigência. O número de mortes de crianças transportadas em carros e camionetes caiu 23% de 2010 para 2011. Procurado nesta terça-feira, o ministério não possuía dados mais atualizados sobre a redução da morte de crianças em acidentes automotivos.

Teste aponta fragilidade na segurança de cadeirinhas (Reprodução)
Teste aponta fragilidade na segurança de cadeirinhas (Reprodução)