Opinião: Reduzir cesáreas ou a cobertura de partos nos planos de saúde?
Quem está na internet é para se molhar. Ou para receber todo tipo de crítica, fundamentada ou não.
Meu post sobre o direito da mulher ter o direito de fazer cesárea, com ou sem risco médico, gerou um debate acalorado entre leitores. Alguns entenderam que não estou fazendo apologia à cesárea, mas simplesmente defendendo um direito de escolha.
Nós mulheres que já lutamos (e continuamos pleiteando) pela ampliação de nossos direitos agora devemos ver com bons olhos medidas que restringem o direito de escolha?
A discussão não é sobre a defesa da cesárea, mas sobre a criação de medidas que podem impedir as mulheres de fazerem seu parto por esse método se assim decidirem.
Mas a patrulha do parto normal não engoliu essa simples opinião. Mensagens carinhosas (sqn) diziam que essas mulheres não têm o direito de onerar o SUS (Sistema Único de Saúde) com suas cesáreas desnecessárias. Só que o grosso das medidas anunciadas pelo governo atingem os partos realizados pelos planos de saúde, ou seja, na rede privada.
Muitas mensagens também diziam que essas mulheres devem sim ser crucificadas, pois estão colocando em risco a saúde de seus filhos. E o direito de escolha de cada um? Ela é menos mãe do que a mulher que fez parto normal? Pelos argumentos que ouvi sim, pois mulher que faz cesárea não pare, extrai um feto…
E o pior, na minha opinião, é que essas medidas vão empurrar muitos médicos dos planos de saúde para o atendimento particular. Pois se não conseguirem justificar a necessidade da cesárea correrão o risco de não receberem dos planos de saúde pelo procedimento realizado.
E a mulher que deseja realizar uma cesárea acabará pagando um médico particular para PARIR. E a ampla maioria de mulheres que não pode pagar pelo atendimento particular terá de se submeter a qualquer médico que constar do caderninho do plano de saúde, mesmo sem confiar ou conhecê-lo.
Eu não sou contra o parto normal. Mas acredito que essas proibições serão inócuas na redução de taxas de cesárea realizadas na saúde privada. Talvez seja bem bom para as operadoras de saúde reduzirem seus gastos com a cobertura de cesáreas. Mas não para as pacientes. Esperemos pelas próximas estatísticas…