Não force ou antecipe; veja dicas para desfraldar seu filho

FABIANA FUTEMA
Pais devem esperar criança dar sinaI para iniciar desfralde (Crédito: Fotolia)
Pais devem esperar criança dar sinaI para iniciar desfralde (Crédito: Fotolia)

Você já desfraldou seu filho? Parece que essa pergunta bizarra e invasiva passa a ser disparada por todo e qualquer desconhecido a partir do momento que seu bebezinho lindo completa dois anos.

Sim, porque não faltam “cases de sucesso” do mundo materno de mulheres que desfraldaram os filhos com 1,5 ano. Uau! Algumas mais poderosas ainda esfregam na cara da sociedade que o baby prodígio largou a fralda com menos de 1 ano.

E o seu já passou dos 2,5 anos e não dá nem sinal de querer desfraldar? Não se sinta uma fracassada nem force seu filho a tirar a fralda na marra. Não é a idade dele que determina a hora de iniciar o desfralde.

A psicóloga Renata Soifer Kraiser, autora do livro “O Sono do Meu Bebê”, diz que a própria criança começa a dar sinais de que está preparada para o desfralde. E que sinais são esses? A criança pede para tirar a fralda ou tira ela mesma sozinha, avisa que está suja ou que fez/está fazendo xixi ou cocô.

E se a criança insistir em não querer tirar a fralda? Nesse caso, Renata orienta os pais a conversarem com o filho. “Diga que ele cresceu, já é mocinho e pode fazer xixi no peniquinho ou assento com redutor.”

DICA

Existem milhares de dicas na internet para desfraldar a criança. E ainda há diferenças entre o desfralde diurno e noturno (OMG!). (Troninho, redutor ou banheirinho? Veja dicas antes de comprar).

Para o desfralde diurno, Renata aconselha os pais a tirarem a fralda e explicarem aos filhos que a partir daquele momento terão de fazer xixi e cocô no penico/assento. “Lógico que escapes vão acontecer e a criança vai fazer na roupa ou no chão. O que não pode é se irritar e brigar. Sujou? Limpa. E mostra o local certo.”

Segundo ela, esse método costuma funcionar para as crianças que já deram sinais de que querem sair da fralda.

Uma dica importante é elogiar muito a criança quando ela pedir e fizer o xixi ou número 2 no local certo. “É importante o reforço positivo. Dê parabéns, elogie, fale: muito bem, conseguiu!”

O desfralde noturno costuma demorar mais tempo. A fralda noturna pode ser retirada depois que os pais perceberem que a criança parou de molhá-la, ou seja, acordou com ela seca por vários dias seguidos. Para isso, a criança precisa ter controle do xixi durante o sono.

Uma dica, para ajudar nesse controle, é levar a criança para fazer xixi antes de dormir e no também meio da noite, além de reduzir a ingestão de líquidos antes da hora de ir para a cama.

Também é legal se preparar para esse período que pode ser de muitas acordadas noturnas com cama e roupa molhadas. Renata aconselha a comprar lençóis e pijamas extras, além de protetor de colchão.

Tenho uma amiga que comprou tapete de xixi de cachorro e colocou entre o lençol e a cama. Segundo ela, evitou que o xixi passasse para o colchão. (Leia mitos sobre o sono do bebê).

DIFICULDADES

A jornalista Marina Diana, mãe de Heitor (2 anos e 7 meses) e Helena (1 ano), se queixa da dificuldade para tirar a fralda do mais velho.

Segundo ela, o menino prefere fazer cocô na fralda. E na hora do xixi, ele usa mais o penico. O problema é que acontecem muitos escapes no meio do dia, o que acaba sobrecarregando a mãe.

Como ele tem uma irmã mais nova que ainda usa fralda, os pais ficam com dúvidas sobre o desfralde. “A gente acha que ele associa o fato da irmã usar fraldas a ser um ato de carinho e meio que fica na dúvida. Desfralda ou não?”

Marina diz que depois do Carnaval, quando ele usou fraldas do tipo cueca, ele regrediu no processo de desfralde. Especialistas dizem que é normal regredir. “Pode acontecer a qualquer momento. Se a mãe fica grávida, ganha um irmãozinho ou muda de escola, por exemplo. Se regredir é só iniciar o processo novamente”, afirma a psicóloga.

Em relação ao cocô na fralda, Renata diz que é normal que crianças com constipação preferiram a fralda ao vaso sanitário ou penico. Nesse caso, ela orienta que a mãe jogue o cocô no vaso, mostre para a criança que lá é local que ele deve passar a usar para fazer o número 2. “Deixa a criança fazer na fralda e vai mostrando e ensinando, repetindo até ela aprender a fazer fora da fralda.”

Segundo ela, é importante que os pais não façam do processo um acontecimento traumatizante. “Não pode supervalorizar, tem que tratar como algo normal. Errou, ensina de novo.”

E COMO FOI COMIGO?

Meu filho tinha 2,5 anos quando a professora me chamou e disse que achava que ele estava pronto para começar o desfralde, pois já dizia quando tinha feito xixi. Fiquei feliz da vida. Começaria uma nova era de menos gastos com fraldas e filas em supermercados atrás de promoções.

Só que ele não estava preparado naquela época. Tirei a fralda e ele chorava e pedia para usar. “Quero fralda!”, berrava ele.

Não insisti. Tinha medo de traumatizar o garoto. Avisei a escola que ele não começaria o desfralde.

Passaram-se quatro meses e lá fui eu para uma reunião de pais na escola. Descobri surpresa que ele era o único garotão a usar fraldas. Todos estavam desfraldando. Me senti péssima, estava atrasando um processo natural de desenvolvimento do meu filho.

Conversei com uma das professoras e pedi ajuda no desfralde. Foram elas que iniciaram o processo. Mas em casa não funcionava. Só queria fralda. E era fim de ano e a escola entraria em férias. Entrei em pânico, pois o processo todo se perderia. Cogitei mandá-lo pro curso de férias de janeiro só pra não perder as aulas de desfralde.

Mas eis que consegui manter o desfralde em casa. E noturno foi na semana seguinte. Ele fez xixi duas vezes na cama. Mas sempre há o risco de regredir. Não vou contar vitória ainda (por isso ainda tenho umas fraldas de reserva no guarda-roupa).

*

Entre o fim desse texto e a publicação meu filho regrediu: pediu para usar fralda para dormir. E eu deixei. Renata disse que  eu deveria ter deixado sem fralda. Um dia de cada vez…