Maioria das vítimas de violência é agredida na frente dos filhos
A maioria das mulheres que são vítimas de violência doméstica é agredida na frente dos filhos.
De acordo com levantamento da Secretaria e Políticas para as Mulheres da Presidência da República que foi divulgado nesta sexta-feira (6) e antecipado pela Folha, 64,35% das mulheres dizem que os filhos presenciam quando são agredidas física ou psicologicamente pelos seus companheiros.
Ainda segundo o levantamento, 80% das mulheres que procuram o disque-denúncia 180, canal para as mulheres denunciarem a violência doméstica, têm filhos.
A maioria das denúncias é feita por mulheres que relatam ter sido agredidas por seus companheiros, maridos, namorados ou amantes com quem têm ou tiveram algum relacionamento afetivo (82.53%). Em seguida, estão agressões relacionadas a outros familiares (11,20%) e relações externas (5,93%).
O levantamento feito com base nas ligações mostra ainda que dos 52.957 relatos de violência recebidos em 2014, 27.369 (51,98%) são de mulheres agredidas com socos, tapas, mordidas, pontapés, queimaduras, entre outros. Em seguida, aparecem as vítimas de violência psicológica (16.846 casos), 5.126 casos de violência moral, 1.028 de violência patrimonial seguido por 1.517 casos de violência sexual. Os casos de violência sexual tiveram um aumento de 18% em relação ao ano anterior.
A secretaria mostra ainda que as mulheres do Distrito Federal foram as que mais procuraram ajuda seguidas pelas do Mato Grosso do Sul, Rio, Espirito Santo e Paraná.
O Ligue 180 foi criado em 2005 e já fez mais de 4 milhões de atendimentos. Somente no ano passado, foram 485.105 atendimentos, ou seja, uma média de mais de 1.300 ligações por dia.
LINHA 180
Muitas mulheres, no entanto, ainda não tem conhecimento sobre esse canal de comunicação. Foi pensando nisso, que o Instituto Avon pensou em uma campanha para ajudar as mulheres próximo ao Dia Internacional da Mulher, celebrado no próximo domigo (8).
A empresa lançou ‘cosméticos fakes’ que receberam o nome de ‘linha 180’. Como as revistinhas normais para comprar produtos de beleza, o catálogo tem mulheres lindas só que as maquiagens são invisíveis para mostrar às mulheres que a violência não pode ser maquiada nem com base, corretivo ou batom, ou seja, a violência não pode ser escondida.
A diretora de comunicação da Avon, Rosana Marques, explica que as 1,6 milhão de revendedoras vão receber o ‘novo catálogo’ e passar por um treinamento para que ajudem a identificar os casos de violência doméstica quando entram na casa de suas clientes. “A ideia é elas tenham conhecimento sobre a Lei Maria da Penha e saibam como o 180 pode ajudar as vítimas de violência doméstica”, comenta.
A vendedora de cosméticos Fernanda Oliveira, 40, por exemplo, foi uma delas. Ela achava que violência doméstica era apenas quando a mulher tinha hematomas visíveis.
“Não achava que o marido gritar, humilhar, também era um tipo de violência. Não sabia, assim como muitas amigas, que existia o 180 e que estamos amparadas por lei”, comenta Fernanda, que passou um treinamento em Fortaleza (CE). Casada e mãe de três filhos, ela agora passou a ajudar outras mulheres, suas clientes, divulgado o disque-denúncia.