Prefeitura vistoria casas para checar se carteira de vacinação está em dia
Funcionários de postos de saúde da capital têm visitado imóveis com crianças até cinco anos nos últimos dias para verificar se a carteirinha de vacinação das crianças está ou não em dia. Em alguns imóveis, os agentes têm aparecido sem qualquer aviso prévio e, em outros, os pais são informados da vistoria por meio de um informativo distribuído nos prédios e nas casas.
A medida, segundo agentes de saúde ouvidos pela reportagem, é para localizar principalmente os pais que optaram em não vacinar ou que deram apenas algumas das vacinas estipuladas no calendário. Os agentes comentam que esses pais normalmente se recusam a mostrar a carteira de vacinação pois, ao optar pela não imunização, podem responder judicialmente por negligência. Por lei, a vacinação é obrigatória no país.
Mãe de um menino de 1 ano e 10 meses, uma bióloga de 28 anos optou em dar apenas as vacinas da tuberculose e da poliomielite. Segundo ela, que pede para não ser identificada, o pediatra apoia a decisão da família de não dar vacinas conjugadas. “Acho um absurdo não haver a opção de dar apenas o que julgamos necessário para nosso estilo de vida”, diz a bióloga que comenta que o filho, por exemplo, não vai à escola.
Ela conta que entregaram a carta informando sobre a visita dos agentes na casa da mãe dela, no Butantã (zona oeste de SP), no início do mês. Apesar de morar em outro bairro, ela comenta que o endereço era o dela quando o filho nasceu e o que constava na UBS (Unidade Básica de Saúde) onde ele tomou as duas vacinas. “Não vou aparecer no dia que informaram e não vou mostrar a carteirinha”, comenta.
Na Aclimação (zona sul de SP), agentes fizeram vistorias sem qualquer aviso prévio em prédios e em casas no último sábado (14). Segundo as agentes de saúde, cada equipe precisa verificar a carteirinha de 50 crianças.
Uma fotógrafa de 37 anos, mãe de dois filhos, conta que no seu prédio, no Tucuruvi (zona norte), colocaram o aviso no elevador. Ela, que tem um filho de cinco anos e um bebê de sete meses, optou pela vacinação seletiva para o mais velho enquanto o caçula ainda não tomou nenhuma. “Já chegaram a ligar na minha casa dizendo ser do Ministério da Saúde. Fazem muita pressão para os pais vacinarem”, diz a fotógrafa, que também se recusou a mostrar as carteirinhas.
Pais que optam em não vacinar normalmente têm o respaldo de alguns médicos homeopatas, mas que não declaram publicamente que apoiam essa decisão. A Associação Médica Homeopática Brasileira, no entanto, recomenda que o calendário seja cumprido. Já a Sociedade Brasileira de Pediatria recomenda que os médicos encaminhem os pacientes para receber as vacinações, inclusive, as da poliomielite e do sarampo.
Pais que não vacinam ouvidos pela reportagem dizem que têm acesso a informações e fazem a escolha consciente. Segundo eles, estudos mostram que a composição das vacinas contém metais pesados e que há casos de autismo que surgiram em decorrência de algumas vacinas. Uma revisão de dez estudos, com mais de 1,2 milhão de crianças, porém, reafirmou que vacinas não causam autismo.
Procurada, a Secretaria Municipal da Saúde informou que está fazendo um monitoramento de cobertura vacinal, que é recomendada pelo Ministério da Saúde.
Segundo a pasta, em decorrência do difícil acesso a condomínios de alto padrão, foi elaborada uma carta de esclarecimento aos pais responsáveis comunicando que os profissionais da secretariam poderiam ir às residências para verificar a caderneta de vacinação das crianças entre seis meses a menores de cinco anos de idade. Os agentes vão devidamente identificados, segundo a secretaria.
A Saúde diz que a intenção é avaliar a situação vacinal das crianças nesta faixa etária, principalmente, a cobertura em relação à poliomielite e ao sarampo. Os pais, no entanto, não são obrigados a mostrar a documentação.
A secretaria diz que essa verificação está inicialmente prevista para ocorrer nos meses de fevereiro e março de 2015. A pasta diz que os se houver necessidade de atualização, ela poderá ser feita na hora ou os pais serão orientados a comparecer ao posto de saúde mais próximo.
Questionada pelo Maternar, a secretaria diz que não há critério para a escolha dos domicílios e que os pais que moram em prédio, por exemplo, podem deixar a cópia ou a carteirinha na portaria. “A metodologia consiste na leitura da carteira ou comprovante de vacinação para verificar a situação vacinal nos domicílios sorteados aleatoriamente, além do levantamento de motivos de não vacinação de crianças, quando for o caso”, diz a pasta.