Eu sabia que conseguiria, diz cadeirante sobre parto normal

FABIANA FUTEMA

 

Vaidosa, Lulu fez um ensaio pouco antes de parir (Foto: Elis: Freitas)
Vaidosa, Lulu fez um ensaio pouco antes de parir (Foto: Elis: Freitas)

A atendente de telemarketing Lurdes Soares, a Lulu, 33, sempre sonhou com um parto normal. Os primeiros médicos que ela procurou depois de engravidar tentaram desencorajá-la e convencê-la a fazer uma cesárea.

“Eles [os médicos] diziam que eu não conseguiria”, conta Lulu, que perdeu as duas pernas aos 7 anos depois de ser atropelada por um caminhão. “Falavam que meu corpo era pequeno demais, que eu passava muito tempo sentada, que a bacia não abriria”, diz ela se referindo aos motivos dados pelos médicos para sugerir a cesárea.

Só que Lulu acreditava na capacidade de seu corpo de parir naturalmente. “Minha mãe teve 9 filhos de parto normal. Eu sentia que também podia, que conseguiria.”

A cadeirante diz que não abriu mão de seu projeto de parto normal e foi trocando de obstetra até encontrar um que acreditasse nela. “Passei por vários até encontrar o Victor Rodrigues, um profissional incrível. Quando o encontrei, estava quase acreditando que não conseguiria, mas ele renovou minhas forças.”

Lulu diz que respeita a decisão das mulheres que preferem a cesárea ao parto normal, só que ela não queria passar por uma cirurgia. “Não queria a recuperação de uma cirurgia de parto, dar trabalho para minha mãe depois. E sei que o parto normal é melhor para a mãe e para o bebê.”

Lulu diz que o parto de Derick, no começo de junho, foi um dos momentos mais importantes de sua vida. “Me senti realizada. Meu parto foi algo transformador, me senti o maior dos vulcões entrando em erupção: quente e forte.”

Segundo ela, a equipe que a acompanhou foi perfeita e fez de tudo para que ela se sentisse bem. “Meu médico me carregou, ele foi incrível.”

O parto de Lulu foi acompanhado pelo namorado com quem está há 8 anos. Ela diz que o nascimento do filho Derick não deve apressar os planos de casamento. “Sempre namoramos e nunca tínhamos planejado casar. Não é porque nasceu um bebê que devemos nos apressar.”

Ela mora com a mãe e uma irmã em Várzea Grande (MT) e diz que a deficiência nunca tirou sua liberdade e independência. Agora, sua missão é amamentar Derick.

FOTÓGRAFA

A fotógrafa Elis Freitas, 32, mãe de 2 crianças, fez dois ensaios para Lulu. No primeiro, ela ainda estava grávida de 9 meses. No segundo, ela captou as imagens do parto.

Ela diz que Lulu quis tirar umas fotos dentro da água, perto de uma cachoeira, quando estava já com 40 semanas de gestação.  “Deu um pouco de medo, receio de ela escorregar. Mas ela quis, acabou fazendo e as fotos ficaram bonitas.”

Acostumada a fazer ensaios de trabalho de parto, Elis conta que já ficou mais de 50 horas fotografando uma mãe.

Para o parto de Lulu, o trabalho levou 14 horas.