Bebê precisa de colo para se sentir seguro e reforçar vínculo com a mãe

FABIANA FUTEMA
Dê muito colo para seu bebê (Foto: Ludy Siqueira)
Dê muito colo para seu bebê (Foto: Ludy Siqueira)

Muitas mulheres ouviram de suas mães e tias que não podiam dar muito colo ao bebê para ele não ficar mal acostumado. Só que esses conselhos foram contrariados pela teoria da exterogestação, que defende a existência do quarto trimestre de gestação _vivido pelo bebê já fora da barriga.

Por essa teoria, os bebês não nascem totalmente prontos: parte desse desenvolvimento acontece fora do útero, na chamada exterogestação.

“Neste período devemos fazer com que o mundo do bebê se pareça com o mundo que ele vivenciou dentro da barriga de sua mãe”, diz Thais Barrall, educadora pré-natal, doula e coordenadora do Programa Parto sem Medo.

Para transformar o mundo exterior num lugar parecido com o ambiente do útero, a mãe deve manter o bebê pertinho de si, pois o contato pele a pelo é muito importante.

“A proximidade com a mãe é fundamental para que o bebê possa continuar a ouvir o som do interior do corpo da mãe, como deglutição, respiração, digestão, sentir o cheiro do seu corpo, ouvir sua voz e se manter integrado com a energia dela e do pai”, afirma Thais.

E, ao contrário dos conselhos dados pelas tias de antigamente, Thais diz que colo ajuda a aprofundar o vínculo entre o bebê e a mãe. Ou seja, nada de negar colo ao seu filho.

“Para fortalecer o vínculo entre a tríade mãe-bebê-pai é preciso estar consciente que o bebe tem que ficar próximo à mãe, no colo da mãe.”

Por que se incentiva tanto essa proximidade? Porque enquanto estava na barriga, era a voz da mãe que o bebê ouvia. E os teóricos da exterogestação entendem que é essa voz que o bebê conhece desde o útero que o deixa mais calminho e seguro.

Por isso, Thaís defende que os pais conversem muito com o bebê, mesmo quando ele estiver de olhos fechados. “Deve-se falar baixo e pouco entre si, deve-se falar com o bebê.”

Para dar liberdade para a mãe e simular os movimentos do útero, muitos especialistas defendem o uso de slings. “Recomendo a utilização do sling desde o nascimento. É uma forma muito prática de manter o bebê em proximidade, atendendo as suas necessidades e também permitindo que a  mãe tenha maior liberdade e movimentação.”

AMAMENTAÇÃO

Na barriga não havia horário certo para o bebê se alimentar. Por isso, do lado de fora, também não deveria haver. Thaís recomenda que o recém-nascido seja alimentado em livre demanda, ou seja, sempre que quiser.

Uma das queixas das mulheres que amamentam em livre demanda é o sono. Para elas, Thaís aconselha que durmam quando seus filhos adormecerem. “Quando ele dormir é recomendável que a mãe durma junto. Desta forma não vai ficar cansada e com sono atrasado de horas não dormidas, principalmente de madrugada.”

Para acolher o bebê, o ambiente deve ser parecido com o útero materno, diz a teoria da exterogestação (Foto: Ludy Siqueira)
Para acolher o bebê, o ambiente deve ser parecido com o útero materno, diz a teoria da exterogestação (Foto: Ludy Siqueira)

DORMIR JUNTO

Pediatras condenam a cama compartilhada e dizem que ela traz riscos para o bebê, que pode ficar sufocado no meio de dois adultos. Mas há muitos grupos de mães adeptas desse método. Thaís defende que ela seja adotada no início para dar acolhimento ao recém-nascido.

“Nos primeiros dias, recomendo que a mãe fique com o bebê na sua cama. É o lugar que ele mais conhece e que lhe transmite mais segurança. Na cama dos pais, durante nove meses da gestação, ele pode permanecer relaxado e em contato com a mãe e o pai. A cama dos pais é o planeta do bebê.”

TÉCNICAS X VÍNCULO

Muitos associam a exterogestação à utilização de técnicas para acalmar o bebê. Segundo Thaís, essas técnicas podem ser desnecessárias se a criança aprender a confiar nos país desde cedo.

“Um bebê tratado de forma respeitosa e amorosa nos seus primeiros dias vai ter confiança no cuidado da mãe. Aí não será preciso utilizar técnicas para acalmá-lo. Esse bebê estará vinculado, com certeza, do amor dos pais.”

Uma das técnicas que se difundiu muito no passado foi a do barulho frio, ou do ruído de shhhh. “Essa técnicas funcionam mais quando os bebes são mais crescidinhos”, disse Thaís. “Costumo dizer que o bebê precisa mesmo é mãe feliz.”

PREPARANDO-SE PARA O PÓS-PARTO

A dica de ouro de Thaís para as grávidas é que percam menos tempo com enxoval e decoração e se preocupem mais com as condições que terão após o nascimento do filho.

“A mãe precisa se sentir segura, bem alimentada, relaxada, para que possa cuidar do seu bebê. E não como fazem hoje, com cuidadores que querem ficar responsáveis pelo bebê e deixam a mãe se ocupar de outras tarefas.”

As preocupações são de ordem prática mesmo, tipo o que comer no primeiro mês de vida da criança. “Em vez de decoração eu recomendo que o casal se esmere em ter tempo para ficar junto, tenha uma cuidadora bem antenada para a casa e a alimentação da família. Fazer uma boa despensa, um cardápio equilibrado para as refeições da família, muita comida congelada.”