Mamaço e petição defendem licença-maternidade de 1 ano para facilitar amamentação
O grupo AMS Brasil (Apoio Materno Solidário) convocou um mamaço nacional para o dia 1º de agosto. A chamada hora do mamaço deve ocorrer em mais de 50 cidades, sendo 15 delas em Portugal.
O evento faz parte das comemorações da Semana Mundial de Amamentação, que vão até o dia 7 de agosto.
Além de alertar para os benefícios da amamentação para o desenvolvimento do bebê, o mamaço vai defender a ampliação da licença-maternidade para facilitar a amamentação de bebês de mães trabalhadoras.
O foco está em linha com tema da campanha de 2015, definido pela Waba (World Alliance for Breastfeeding Action), que é “amamentar e trabalhar: para dar certo o compromisso é de todos”.
Pela lei, as mulheres têm direito a quatro meses de licença-maternidade. Programas do governo, como o “empresa cidadã, incentivam que as companhias estendam esse período para seis meses.
Ao retornar ao trabalho, para que a amamentação do bebê seja mantida até o 6º mês, a lei prevê ainda períodos de tempo para que a mulher alimente ou retire leite para seu filho. Esse período pode ser dividido em dois diários de 15 minutos para aliviar as mamas ou um de 30 minutos, que pode ser combinado na entrada, saída ou no horário de almoço da mãe.
Só que esse tempo é considerado insuficiente por pediatras e defensores da amamentação.
Simone de Carvalho, uma das organizadoras da hora do mamaço e coordenadora de grupos de apoio a mães, diz que recebe todos os dias relatos de mulheres preocupadas com a manutenção da amamentação após o retorno ao trabalho.
“São mulheres guerreiras que às vezes, em 15 minutos, conseguem garantir o leite dos seus bebês esvaziando as suas mamas muitas vezes em banheiros e até dentro dos seus carros”, diz Simone.
Das 12 mil empresas participantes do programa empresa cidadã, só 80 ofereciam sala de amamentação no local de trabalho para suas funcionárias.
“Não é possível apoiar e proteger a amamentação, um gesto singular e tão precioso para os bebês, desta forma: mulheres melindradas, sem tempo suficiente e espaço respeitoso para extração do leite materno; muitas delas com o uso de uma bomba extratora que depreende manejo, e sendo mecânica, tem seus riscos; mas com calma, concentração e sem pressão – principalmente sob uma vergonhosa licença que obriga à uma separação tão precoce dos seus pequeninos bebês”, diz Simone.
LICENÇA DE 1 ANO
Por isso, o Apoio Materno Solidário também defende a ampliação da licença-maternidade para 1 ano, e da licença-paternidade para 1 mês. A mudança está prevista no projeto de lei 6.998/2013, apresentado pelo deputado federal Osmar Terra (PMDB-RS).
Não se trata de um gasto a mais para as empresas […], mas um grande esforço e investimento para prevenir muitos problemas futuros na vida de uma criança […].Sai muito mais barato investir em um projeto de licença maternidade, do que em mais creches de período integral”, diz o pediatra José Martins Filho, presidente da Academia Brasileira de Pediatria, na petição que defende a ampliação da licença.
ESTRESSE TÓXICO PRECOCE
Segundo Martins Filho, estudos internacionais vinculam a separação precoce entre mães e filhos ao chamado estresse tóxico, que pode atrapalhar no desenvolvimento do bebê.
“Sobre o ponto de vista imunológico, as crianças são imaturas e as chances de contraírem doenças principalmente respiratórias em razão do desmame precoce e pelas consequências emocionais de uma separação precoce, contribuem para o chamado estresse tóxico”, afirma ele.
Para apoiar o projeto, Martins Filho apoia a petição pela aprovação da licença-maternidade de 1 ano, que já conta com 10.500 assinaturas.
Para consultar horários e locais da hora do mamaço, clique na página do evento ou na hashtag #horadomamaço.