Foto de mãe exausta e sozinha levanta debate sobre depressão pós-parto

FABIANA FUTEMA
Foto de Danielle já foi compartilhada mais de 22 mil vezes (Reprodução/Facebook/Danielle Haines)
Foto de Danielle já foi compartilhada mais de 22 mil vezes (Reprodução/Facebook/Danielle Haines)

Mães de diversas partes do mundo se identificaram com o relato da americana Danielle Haines sobre seus sentimentos logo depois de dar à luz. Numa foto publicada em seu perfil no Facebook, Danielle aparece sozinha, chorando, segurando seu bebê de poucos dias no colo.

Danielle teve um menino em novembro de 2014. A foto foi tirada três dias depois do nascimento do bebê.

Ela conta que estava exausta, pois não havia dormido desde o trabalho de parto, se sentia sozinha, tinha os mamilos sangrando e seu leite ainda não havia descido.

“Eu amava o meu bebê, eu sentia falta do pai dele (ele tinha voltado a trabalhar naquele dia), eu estava brava com a minha mãe, meu coração doía pelo meu irmão porque minha mãe nos deixou e agora eu tinha um menininho que era a cara dele, meus mamilos estavam rachados e sangrando, meu leite estava quase descendo, meu bebê estava ficando realmente com fome, eu estava me sentindo triste porque as pessoas matam bebês, tipo, de propósito, eu não dormia desde o momento em que entrei em trabalho de parto”, escreveu ela.

O post dela já teve mais de 22.500 compartilhamentos. Sites contaram a história dela em vários idiomas.

Para a maioria, o post dela levanta o debate sobre a depressão pós-parto e mostra como é importante contar com uma rede de apoio para sair dessa situação.

Danielle conta que estava quase enlouquecendo quando recebeu a ajuda de uma amiga, Katie, que foi lhe entregar o almoço. E que à noite outra amiga,  Sarah, que ela chama de irmã, trouxe o jantar.

“Ela entrou com a comida e disse: ‘Oi! Como você está?’ Eu disse: ‘Estou uma bagunça’. Conversamos, ela escutou, ela disse, ‘Eu estive bem aí onde você está’. Isso me ajudou saber que ela também ficou louca um dia”, escreveu a americana.

A foto foi tirada por Sarah, que acabou lhe fazendo companhia. “Eu precisava dela e ela sabia disso.”

Ela diz que ligou para outras amigas ainda pedindo ajuda. “Eu precisava que me dissessem que meu bebê estava bem. Este é o pós-parto real, mamães.”

Ela finalizou pedindo que outras mães compartilhassem os sentimentos que tiveram no pós-parto. “Não foi fácil, mas tive tanto apoio e fui lembrada que outras mães passaram por essa parte da maternidade antes de mim e que eu ficaria bem também.”

Em outra postagem, Danielle diz que não esperava que sua foto fosse viralizar na internet.

“Fui contatada por muitas pessoas que eu não conhecia. Eu tive um monte de novos pedidos de amizade”, escreveu.

COMIGO

Você também se sentiu triste no pós-parto? Também vou dividir com vocês como me senti nessa fase: muito sozinha e despreparada. Não sabia como cuidar daquele bebê que só chorava e tinha fome. Não sabia diferenciar se o choro era de fome, cólica, cansaço ou fralda suja, como pregavam os manuais.

E parecia que eu não podia contar com ninguém. Marido ia trabalhar e passava o dia todo fora, chegava tarde da noite.

Amigas estavam trabalhando e não queria atrapalhá-las com meus problemas. Eu achava que elas tinham coisas mais interessantes a fazer do que consolar alguém que passava o dia trocando fraldas.

Infelizmente, não conhecia nenhum grupo de apoio materno naquela época. Percebo como as mães se ajudam nesses grupos, como dão incentivo àquelas que pedem.

Minha solução, para não enlouquecer, foi sair de São Paulo e passar um tempo na casa dos meus pais. Lá tive ajuda e companhia. E na volta a São Paulo passei a frequentar as sessões do CineMaterna, pois sair de casa ajuda muito.

É importante conhecer seus limites e saber quando é preciso pedir ajuda. As pessoas não adivinham nossos sentimentos. Um simples telefonema ou mensagem pode confortar muito.