Curso em SP mostra como a maternidade foi retratada na história da arte

FABIANA FUTEMA

O obstetra Alexandre Faisal ministra neste mês de outubro o curso ‘O Universo Feminino na Arte’. A primeira aula mostra como a maternidade foi retratada ao longo dos séculos na cultura ocidental na visão de consagrados artistas.

“O amor materno é sentimento complexo e único que afeta a todos de maneira inequívoca e inexorável. […] A verdade, ainda que desagrade aos puristas, religiosos e adeptos de ideologias é que o amor materno é uma construção, que será elaborada individualmente por cada mulher, dentro de seus contextos históricos, das possibilidades de suas condições psíquicas e de seus determinantes sócio-culturais”, afirma Faisal.

Segundo ele, a arte produzida entre os séculos 15 e 17 mostra que atividades ligadas à maternidade, como amamentar, cuidar, criar, como trabalhos naturais abençoados por Deus.

“Surgem as Madonas e seus filhos, espelhos fiéis da relação entre a Virgem Maria e o menino Jesus. A pintura em carvão de Leonardo da Vinci representa bem este momento”, afirma.

"A obra do Leonardo da Vinci mostra tipicamente a alegria materna da Virgem Maria e da avó materna (ao lado olhando para a filha) com o menino (Jesus no caso). Ele apesar de bebe faz um gesto parecido com uma benção para outra criança", diz Faisal (Madonna and Child with St Anne and St John (1499)  Leonardo da Vinci - National Gallery -Londres/Reprodução)
Madonna and Child with St Anne and St John (1499) – Leonardo da Vinci – National Gallery -Londres/Reprodução)

A obra do Leonardo da Vinci, segundo ele, mostra tipicamente a alegria materna da Virgem Maria e da avó materna com o menino Jesus. “Ele, apesar de bebê, faz um gesto parecido com uma benção para outra criança. ”

Já no século 20, a arte mostra mulheres que anseiam por igualdade e liberdades, busca do prazer sexual e conquista profissionais/sociais. A maternidade torna-se um problema para muitas mulheres.

Segundo ele, a pintura “The Hope”, de Gustav Klimt, representa bem este momento.

“É uma gestante meio diferente: com cabelos ruivos e pelos pubianos à mostra. Poderia ser uma mulher fatal e não mãe. Por outro lado ela tem uma aureóla dourada na cabeça, um semblante tranquilo e luta contras as forças do mal (que estão atrás dela). Vale lembrar que já em 1905 na Europa as mulheres estavam mudando de identidade e de papel social.”

The Hope 1 (1903) - Klimt - National Gallery of Art   Ottawa (Reprodução)
The Hope 1 (1903) – Klimt – National Gallery of Art Ottawa (Reprodução)

A aula sobre maternidade na arte está marcada para o dia 6. As demais aulas abordarão: Amantes na Arte (20/10) e Erotismo na Arte (27/10).

Mais informações no site www.conscientia.com.br.