Saiba por que não fazer ultrassom antes da 6ª semana de gestação

FABIANA FUTEMA
Ultrassom abdominal não deve ser feito antes da 10ª semana, diz médico (Foto: Karime Xavier 05.mar.2013/Folhapress)
Ultrassom abdominal não deve ser feito antes da 10ª semana, diz médico (Foto: Karime Xavier 05.mar.2013/Folhapress)

Você mal descobriu que estava grávida e já ficou contando os dias para realizar seu primeiro exame de ultrassom? Muita calma nessa hora. Especialistas dizem que a ultrassonografia abdominal não deve ser realizada antes da 6ª semana de gestação.

É que existe o risco de o exame não conseguir visualizar o embrião. Em alguns casos isso acontece porque ocorreu uma gravidez anembrionária _quando o óvulo fertilizando se implanta no útero e o embrião não se desenvolveu.

Só que também existe uma grande chance de o exame ter sido realizado muito cedo e por isso o ultrassom não ‘enxergou’ o embrião.

Para tirar a dúvida, a grávida precisará repetir a ultrassonografia depois de uma ou duas semanas.

Para evitar a frustração com esse primeiro exame precoce e a ansiedade da espera pelo novo ultrassom, o ideal é esperar um pouco mais.

“Ecografias muito precoces podem induzir a erro ao não visualizar embriões, quando na verdade são realizadas apenas por ansiedade materna e antes do tempo em que ele é identificável”, disse o obstetra Ricardo Herbert Jones.

Segundo Mário Burlacchini, coordenador de Medicina Fetal do Fleury Medicina e Saúde, a falta de visualização do embrião pode ocorrer por erro no cálculo do tempo de gestação. “Isso costuma acontecer em 50% dos casos. A mulher pensa que está de seis semanas, quando na verdade está de quatro. [semanas de gestação]. “

Essa diferença de calendário acontece, diz ele, por vários motivos, como a irregularidade do ciclo menstrual.

ULTRASSOM VAGINAL X ULTRASSOM ABDOMINAL

Mas também não se deve esperar tempo demais para o primeiro ultrassom. Mário Burlacchini, coordenador de Medicina Fetal do Fleury Medicina e Saúde, diz que a primeira ultrassonografia deve ser realizada até a 9ª semana, no máximo.

Se realizada nesse período, segundo ele, o exame poderá detectar eventuais problemas na gestação, como uma gravidez ectópica (nas trompas), ou no útero. “]

Burlacchini diz que o exame mostra a evolução da gestação por partes, dependendo do tempo de gravidez. Com 5 semanas, por exemplo, será possível enxergar o saco gestacional.

“Se a mulher esperar mais três ou quatro dias para fazer o exame, já poderá enxergar a vesícula vitelina, responsável por alimentar o embrião”, afirma.

Por volta da 6ª semana já é maior a chance de o exame enxergar o embrião, mas ainda não é garantido que ele detecte os batimentos cardíacos. A probabilidade de sentir os batimentos cardíacos é maior a partir da 10ª ou 11ª semana. “Tem também a questão do tamanho do embrião, nos menores demora mais”, diz Burlacchini.

Segundo ele, o exame deve ser feito por via vaginal (transvaginal) até a 10ª semana, exceto em casos em que a mulher não possa fazer por questões médicas, como sangramento. A partir de então, a gestante poderá fazer o ultrassom abdominal.

Para Jones, é preciso evitar o que ele chama de “epidemia de ecografias”. “Eu creio que qualquer exame só deve ser feito se houver benefício comprovado para o binômio mãe/bebê. Não é o caso das ecografias de rotina, aquelas que não são realizadas com uma clara indicação médica e que são propositivas, isto é, que podem propor uma terapêutica ou intervenção paliativa ou curativa.”

Há casos, infelizmente, em que o novo ultrassom confirmará a gravidez anembrionária. Se isso acontecer e o saco gestacional ainda estiver presente, alguns médicos chegam a sugerir que a mulher realize uma curetagem.

Uma pessoa que eu gosto muito está passando por essa situação. Ainda terá de esperar mais uma semana para realizar um novo exame. Estamos todos torcendo para que o ultrassom mostre seu embrião. Até lá, só podemos apoiá-la para que não fique ainda mais estressada e ansiosa.

Exames realizados muito cedo podem não identificar o embrião (Divulgação)
Exames realizados muito cedo podem não identificar o embrião (Divulgação)