Celular não é brinquedo de Dia das Crianças; veja riscos sobre uso inadequado

FABIANA FUTEMA
Escolas se queixam da interferência do celular nas aulas (Foto: Kim Kyung-Hoon/Reuters)
Escolas se queixam da interferência do celular nas aulas (Foto: Kim Kyung-Hoon/Reuters)

São vários os motivos para um adulto precisar de um celular. Da simples necessidade de comunicação até o acesso à internet e tudo que ela oferece.

Mas será que as crianças precisam ganhar um aparelho de presente? Será que seu filho já tem maturidade para usar um smartphone?

Pesquisa realizada pelo Instituto iStart conclui que as crianças não recebem orientações adequadas sobre o uso ético, legal, seguro e saudável destes dispositivos digitais.

Os maiores problemas relacionados ao uso precoce do celular, segundo escolas ouvidas pelo instituto, foram o cyberbullying (75%), distração, dispersão e interferência no andamento da aula por conta do manuseio do celular (56,25%) e a exposição demasiada de intimidade com o compartilhamento de imagens íntimas de menores de idade (31,25%).

Por causa desses incidentes, 25% dos alunos chegaram a deixar a escola, segundo a pesquisa.

“Os pais devem alertar seus filhos sobre estes riscos. Pelo Estatuto da Criança e do Adolescente‎, a criança não pode ficar desacompanha de um adulto, seja em casa, na rua tradicional ou na internet. Sempre tem que haver um adulto responsável supervisionando e assistindo”, diz Patricia Peck Pinheiro, advogada especialista em Direito Digital e fundadora do Instituto iStart.

Mas existe uma idade adequada para dar um celular de presente para o filho? Para Patricia, o celular não é um brinquedo e deve ser encarado como um equipamento que gera responsabilidade no uso tanto como um automóvel. “A indústria de telecomunicações poderia promover mais campanhas educativas sobre o uso seguro do celular. A maioria dos pais quando dá um celular para um filho só diz para ele: não vai gastar muito crédito, não vai deixar quebrar a telinha e não vai perder o celular.”

De acordo com a pesquisa, 37% das crianças de 9 a 10 anos levam o celular para a escola. Esse percentual sobe para 44% entre a maiores de 12 anos.

As escolas disseram ainda que 87% dos celulares dos alunos possui Whatsapp.

Segundo o iStart, a idade mínima para uma criança ter acesso a redes sociais, como Facebook e  Snapchat é 13 anos. Para o Whatsapp, a idade mínima é 16 anos. E serviços como YouTube e Netflix, 18 anos.

Entre as orientações do instituto para os pais ajudarem os filhos a fazer uso dos recursos digitais com segurança está estipular limites e horários para o acesso, acompanhar o uso e entender as ferramentas mais utilizadas pelo jovem.

Os pais também devem se preocupar com o ‘vício’ e propor atividades ao ar livre e desconectadas.

“Vamos refletir sobre o que estamos fazendo com este jovem ao dar uma tecnologia tão poderosa sem ensinar o jeito mais seguro de usá-la. Não é uma questão de proibir o uso, mas de ensinar. Só vamos diminuir os incidentes se houver maior educação”, diz Patrícia.