Expansão do parto normal envolve informação às mulheres, diz diretora da ANS
A ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar) planeja estender os pilares do projeto parto adequado para toda a rede suplementar. Nessa primeira etapa, ele está sendo implantado em 42 hospitais públicos e privados em parceria com o Hospital Albert Einstein e o IHI (Institute for Healthcare Improvement).
A conclusão da primeira etapa está prevista para o terceiro trimestre de 2016.
A segunda envolverá, além da questão regulatória, a mobilização e envolvimento de mulheres e profissionais da área de saúde.
Segundo a diretora de Desenvolvimento Setorial da ANS, Martha Oliveira, já existe essa mobilização em favor da ampliação do número de partos normais no país.
“Quando a sociedade percebe os resultados e a importância do que se está fazendo, ela passa a exigir isso para ela”, afirma.
Um dos focos dessa próxima fase será priorizar a informação para a mulher, tanto aquelas em idade para engravidar como nas mais novas.
“É importante que a mulher tenha a informação correta e que isso aconteça cada vez mais cedo. Quando ela descobre que a chance do filho ir para UTI é imensamente maior na cesárea, não tem como deixar de refletir sobre isso”, diz a diretora.
Outro problema, segundo ela, é a questão cultural, que ainda faz a cesárea ser vista como um procedimento chique e limpo, enquanto o parto normal é associado à dor. “Com a informação correta, a mulher vai saber que o parto normal é fisiológico. Que seu bebê vai nascer mais maduro. E que a cesárea é a uma cirurgia, e como tal só deve ser usada quando há necessidade.”
E NA PRÁTICA, COMO ISSO VAI OCORRER?
O projeto oferece três formas de atendimento à gestante em trabalho de parto: 1) equipe de plantonistas; 2) enfermeiras obstetras; 3) um dos três médicos de uma equipe que a atendeu no pré-natal.
Martha diz que não haverá imposição de nenhum desses modelos. Cada hospital participante do projeto utilizando a combinação desses três atendimentos.
“Cada instituição se adapta à sua realidade e conveniência. Se o hospital tem um corpo clínico grande, pode se encaixar mais com o terceiro modelo”, diz a diretora. “A presença da enfermeira obstetra e dos médicos plantonistas se mostraram fundamentais para o sucesso do projeto.”
Outra mudança importante, diz ela, envolverá os médicos. “Eles terão de se atualizar, muitos perderam a prática do parto normal. E atingirá agenda de trabalho deles.”
Nas 42 instituições participantes do projeto parto adequado, a taxa média de parto normal passou de 19,8% em 2014 para 27,2% em setembro de 2015, um aumento de 7,4 pontos percentuais. No mesmo período, a taxa de cesárea caiu de 80,2% para 72,8%.
Apesar do aparente avanço, os percentuais brasileiros ainda estão longe dos considerados ideais. A OMS (Organização Mundial da Saúde) recomenda que o percentual de cesáreas não passe dos 15%.