Redução da mortalidade materna é desigual no mundo

FABIANA FUTEMA
Mulher usa banheira durante parto em hospital público (Foto: Divulgação)
Mulher usa banheira durante parto em hospital público (Foto: Divulgação)

Relatório divulgado nesta quinta-feira pela OMS (Organização Mundial de Saúde) mostra que a mortalidade materna caiu, em média, 44% em 2015 na comparação com 1990. O compromisso adotado em 2000 pelos Estados-membros da ONU (Organização das Nações Unidas) era reduzir essa taxa em 75%.

Mas só nove países alcançaram essa meta em 2015: Butão, Cabo Verde, Camboja, Irã, Laos, Maldivas, Mongólia, Ruanda e Timor Leste).

“Trata-se de enorme progresso, mas o avanço é desigual entre os países, em diferentes regiões do mundo”, diz Lale Say, coordenadora do Departamento de Saúde Reprodutiva e Investigação da OMS.

Entram no cálculo da mortalidade materna aquelas ocorridas durante a gravidez, parto ou seis semanas após o nascimento do bebê.

O número de mortes relacionadas a complicações da gravidez caiu de 532 mil em 1990 para 303 mil em 2015, segundo relatório elaborado por agências das Nações Unidas e pelo Banco Mundial. Esses números equivalem a uma redução da taxa de mortalidade de 385 para 216 a cada 100 mil nascidos vivos no mesmo período.

Em alguns destes nove países, a taxa de mortalidade materna ainda é superior à média global.

A Ásia Oriental foi a região com melhora mais relevante, com a taxa de mortalidade materna caindo de 95 para 27 a cada 100 mil nascidos entre 1990 e 2015.

Ao final de 2015, 99% das mortes maternas terão ocorrido em regiões em desenvolvimento. Duas de cada três mortes serão na África Subsariana. Nesta região, a taxa de mortalidade caiu de 987 a cada 100 mil nascidos em 1990 para 546 a cada 100 mil nascidos,  redução de quase 45%.

A nova meta da ONU é reduzir o número de mortes maternas para menos de 70 em cada 100 mil nascidos até 2030.

No Brasil, a taxa de mortalidade materna caiu de 104 para 44 a cada mil nascidos vivos entre 1990 e 2015.

“Conseguimos reduzir a taxa de mortalidade materna quase pela metade nesses 25 anos. É um progresso importante, ainda que insuficiente. Sabemos que podemos por um fim quase por completo nessas mortes até 2030 se trabalharmos para isso”, afirmou  Flavia Bustreo, subdiretora-geral do Departamento de Saúde da Família e da Criança da OMS.

Para garantir a redução dessas taxas, a OMS defende que os países garantam o acesso a intervenções básicas, como higiene, diagnosticar precocemente doenças como hipertensão relacionada à gestação e serviços de saúde sexual, reprodutiva e planejamento familiar.

“Para reduzir a taxa de mortalidade materna é preciso o fortalecimento do sistema de saúde acompanhado de melhoras em outras áreas, como a educação de mulheres e meninas”, diz Geeta Rao Gupta, diretora-executiva-adjunta da Unicef.