Sensível, ‘O Quarto de Jack’ pode ser encarado como filme de terror para mães (contém spoilers)

FABIANA FUTEMA
Jack e a mãe no quarto (Divulgação)
Jack e a mãe no quarto (Divulgação)

O filme “O Quarto de Jack”, que estreou nesta semana nos cinemas, aborda temas que aterrorizam e causam insônia em muitas mães. Mantida refém desde os 17 anos por um homem desequilibrado, a jovem Joy tenta criar com a leveza que é possível o filho nascido no cativeiro (veja salas e horários).

Muito próximos, os dois compartilham a mesma cama do minúsculo quarto. Fazem alongamento e brincam juntos. É possível perceber que ela amamentou o garoto por muito tempo.

Ele assiste à TV e pensa que as imagens que vê não são de pessoais reais. Jack não sabe que existe um mundão lá fora. O garoto só conhece a mãe e o velho Nick, o homem que visita a mãe quase todas as noites para estuprá-la. Mas ele não sabe o que acontece nessas noites, pois fica trancado dentro do armário enquanto a mãe é abusada.

Só que Jack faz 5 anos e a mãe começa a temer pela segurança do filho. Não quer que o velho Nick se aproxime do garoto. Mas o carrasco dá sinais de interesse pelo menino de cabelos compridos. E é a partir daí que ela ganha coragem para tentar mudar o destino de ambos.

Mas Joy está fragilizada. Ela tem dias de apagão dentro do cativeiro, dias que se repetirão fora dele.

Será que eles encontrarão redenção com a liberdade? O mundão lá de fora assusta Jack, que mal tem voz para ser ouvido. E a mãe, em vez de felicidade, mergulha numa angústia ainda maior.

“Será que você fez o melhor para seu filho?” é uma das perguntas que ela ouve. “Não seria melhor ter pedido para seu carrasco entregá-lo em algum lugar?”

Que mãe não se pergunta se está fazendo o melhor para o filho? E a verdade é que nunca teremos a plena certeza se aquilo é o melhor mesmo.

Queremos ver nossos filhos livres, brincando soltos em dias ensolarados, felizes. E temos pesadelos só de pensar na possibilidade dele sofrer um abuso sexual. Saí do cinema com uma vontade louca de abraçar e proteger meu filho.

DESAFIO DA MATERNIDADE

Vários dos temas abordados em “O Quarto…” estão presentes em debates atuais das redes sociais.

O último deles, o desafio da maternidade, mostrava fotos de mulheres felizes por serem mães.

Mas um grupo de mães ousou mostrar que a maternidade não é esse mar de rosas. Há dias felizes, mas há dias de apagão.

Algumas sofrem de depressão pós-parto. Outras ficam com depressão muito depois do parto. Até tentam o suicídio. Como Joy, elas precisam de amor e apoio. E muitas encontram essa força no filho.