Hospital vai passar a levar bebê para o quarto da mãe logo após o nascimento

FABIANA FUTEMA

 

O bebê nasce na maternidade, fica um pouquinho perto da mãe e logo é levado para um berçário. Em alguns hospitais, a separação entre mãe e filho pode chegar a mais a mais de 4 horas.

Essa rotina vai começar a mudar a partir de 1° de março no Hospital São Luiz, localizado no Itaim, em São Paulo.  A maternidade vai permitir que mãe e filho fiquem juntinhos desde o início.

Em vez de ser levado para o berçário de transição, o bebê irá direto para o quarto da mãe.

“A mãe terá a chance de escolher se quer o bebê imediatamente em seu quarto. Pode ser que algumas, que ficaram muitas horas em trabalho de parto, prefiram descansar um pouco antes. As mães são muito diferentes, não sabemos ainda como será a resposta delas”, diz Marcia Maria da Costa, diretora da maternidade.

O projeto será voltado, nessa fase piloto, para bebês não-prematuros, com peso acima de 2,5 kg e nascidos de parto normal de mães sem doenças crônicas, como diabetes.

Na unidade Itaim do São Luiz, onde acontecem cerca de 800 nascimentos por mês, cerca de 40% deles são de parto normal. O projeto será estendido à unidade Anália Franco e para bebês nascidos de cesárea em uma segunda etapa.

Essa mudança de rotina acontece em meio ao debate sobre o nascimento humanizado. Marcia afirma que o São Luiz já adota uma série de protocolos que permitem um contato maior da mãe com o bebê. Um deles, batizado de ‘sentindo a luz’, numa referência ao momento em que o ele começa a enxergar o mundo fora da barriga.

O hospital também leva o recém-nascido vá para o colo da mãe logo após o parto, pois o contato pele a pele ajuda a regular a temperatura corporal do bebê.

“Estimulamos o aleitamento na primeira hora de vida, pois há estudos que mostram que a chance de sucesso da amamentação será maior se o bebê mamar ou sugar nesse período”, afirma Marcia.

Mesmo que o bebê não mame na sala de parto, Marcia diz que o simples ato de sugar o peito já ajuda na produção de leite.

O hospital lembra que é importante que a primeira amamentação seja feita na 1ª hora de vida do bebê, pois além de reforçar o vínculo entre mãe e filho, também faz com que ele entre em contato com a microbiata (bactérias do bem) da mãe.

Márcia diz que há procedimentos que são questionados pelos pais, mas são previstos em lei e seguem orientações internacionais, como a aplicação do colírio de nitrato de prata no bebê.

“As pessoas alegam que o nitrato pode causar conjuntivite química. Mas o risco é mínimo. E o que é pior: a conjuntivite ou o risco de ser contaminado por alguma doença que leve à cegueira?”, defende ela.

Os pais que não quiserem que o colírio seja aplicado ao filho podem assinar um termo de recusa se responsabilizando por essa decisão.

SANTA JOANA

O Hospital Santa Joana, que conta com uma das maiores maternidades de São Paulo, informa que incentiva o contato pele a pele desde o nascimento, quando o bebê é incentivado a mamar ainda na sala de parto.

Segundo o Santa Joana, o bebê é levado para perto da mãe assim que ela estiver em condições clínicas estáveis.

“Os bebês ficam com os pais durante todo período da internação. Ele só irá para o berçário setorial se necessitar de cuidados especiais”, informa o hospital.

O Santa Joana informa que há uma câmera em cada leito do berçário, o que permite que os pais acompanhem seu bebê através de uma TV no quarto.