Resposta de mãe a recado na agenda escolar do filho viraliza nas redes sociais

FABIANA FUTEMA

 

Bilhete enviado à escola (Reprodução/Facebook)
Bilhete enviado à escola (Reprodução/Facebook)

Uma mãe de Niterói levou para a agenda escolar do filho o debate sobre a distinção de gênero na responsabilidade pela criação dos filhos. Em bilhetinho colocado na agenda, a escola pede que as ‘mães’ enviem frutas para a salada de frutas que seria preparada para comemorar a chegada do outono.

Na resposta, a mãe pede que a escola direcione os recados aos responsáveis, e não somente às mamães.

“Entendo que muitas vezes é a mãe quem se encarrega das tarefas domésticas e dos filhos, mas precisamos lembrar que “papais” também são responsáveis e que muitas crianças são criadas por outros membros da família, como avós, tios, tias, etc. Assim, seria uma maneira de não repetirmos esse discurso que só responsabiliza a mãe/mulher pelo cuidado com a casa e os filhos (as)”.

Kate, a mãe, compartilhou a foto do bilhete e sua resposta em seu perfil do Facebook com a seguinte mensagem: ‘Quando a escola tradicional encontra uma mãe chata’.

A publicação já teve mais de 5.000 compartilhamentos. O Maternar não conseguiu falar com Kate sobre a repercussão de sua postagem.

O que incomodou Kate é essa mania de atribuir a mãe todas as responsabilidades pela criação do filho.

Por que acordar à noite para cuidar do bebê se é ela que dá de mamar (o peito é da mãe)? Por que trocar fralda se ela faz isso muito mais rapidamente e sem sujar a casa? Por que faltar no trabalho no dia em que ele fica doente, afinal ela ganha menos mesmo? Infelizmente, ainda não são todos os pais que entendem que a responsabilidade pelos cuidados do filho é dos dois. E essa mentalidade acaba se replicando até chegar à agenda escolar do filho.

Em nova publicação, Kate diz que é preciso “desconstruir esse lugar que a mãe ocupa na sociedade”. “A mãe é sacralizada, a mãezinha, a que cuida, recaindo sobre ela a responsabilidade dos filhos desde sua concepção, como se ela fizesse um filho sozinha. Precisamos desconstruir esse lugar que a mãe ocupa na sociedade porque isso acaba por oprimir as mães, sobrecarregando-as de tarefas e culpa. Isso não é mimimi, isso é lutar por igualdade de direitos, isso é lutar por democracia, isso é lutar para que sejamos respeitadas.”