Maternidade incentiva alojamento conjunto entre mãe e bebê e limita número de visitantes

FABIANA FUTEMA

 

No alojamento conjunto da Pro Matre, mãe e filho ficam juntos no quarto da maternidade (Foto: Divulgação)
No alojamento conjunto da Pro Matre, mãe e filho ficam juntos no quarto da maternidade (Foto: Divulgação)

É comum ouvir de mães que acabaram de dar à luz que o bebê que levaram para casa tem um comportamento totalmente diferente daquele que conheceram na maternidade. Isso acontece porque muitos bebês ficam boa parte do tempo nos berçários, enquanto as mães descansam ou recebem visitas no quarto.

Para reduzir essa sensação de estranhamento, muitos hospitais passaram a incentivar mais fortemente o alojamento conjunto, prática recomendada pela OMS (Organização Mundial de Saúde) para estimular a amamentação.

“Acreditamos no benefício da proximidade do bebê com sua mãe. Além de fortalecer o vínculo entre a mãe e o bebê, propicia que apareçam dificuldades enquanto ela ainda está no hospital e tem o suporte da enfermagem para apoiá-la”, diz a gerente médica de materno-infantil do Hospital Albert Einstein, Erica Santos.

Com isso, segundo ela, a mãe experimente uma “situação diferente daquela em que o bebê fica longe e depois passa a não reconhecê-lo mais quando chega em casa.”

Segundo Erica, o alojamento conjunto já era praticado no Einstein. Mas neste ano o hospital reforçou as explicações sobre os benefícios desse sistema para as grávidas, tanto pessoalmente como também por meio de folhetos e banners.  “Antes, se não era pedido da mãe, [o alojamento conjunto] não era estimulado. Passamos a oferecer mais fortemente o que já fazíamos.”

No entanto, o hospital não vai impedir a mãe de deixar seu bebê no berçário. “Se houver problemas, ninguém vai forçar a mãe a ficar com o bebê no quarto. Vamos recebê-lo no berçário”, afirma Erica.

Só que a mãe precisa pensar duas vezes antes de pedir para a enfermeira levar o bebê para o berçário. É que o Einstein limitou a quantidade de vezes em que o bebê pode ir do berçário para o quarto com a mãe.

“Já aconteceu de ter bebês transportados 40 vezes em 48 horas. Esse bebê não ficou parado mais de uma hora em lugar nenhum. Podia ser conveniente para a mãe, mas o bebê não dormia nem mamava um tempo razoável. Quando percebemos que isso poderia prejudicar o bebê, passamos a colocar limite para o número de transporte. Esse bebê precisa ficar parado em um lugar mais tempo”, diz a gerente médica do Einstein.

Outra mudança adotada neste ano pelo Einstein foi limitar o número de visitas simultâneas no quarto. Agora, além do acompanhante, a mãe pode receber até quatro visitas ao mesmo tempo.

“Antes, era livre. Diminuímos as visitas simultâneas para não ficar um acúmulo de gente respirando no mesmo lugar, ainda mais agora em época de H1N1. Já teve gente que colocou 30 pessoas no quarto. Isso é ruim para a saúde do bebê, que ainda não tem sua imunidade preparada para ficar em um aglomerado desse. Alguém precisava defender esse bebê, que não vai ao SAC reclamar”, diz Erica.

Segundo ela, essas mudanças não foram feitas para reduzir o quadro de pessoal, pois foram contratados mais 15 funcionários. “Não botamos mãe para cuidar e diminuir funcionários. Primeiro aumentamos o quadro de pessoas para dar suporte no quarto.”

Outras maternidades de São Paulo também estão reforçando o alojamento conjunto. Desde março, a unidade Itaim do Hospital São Luiz passou a levar o bebê diretamente para o quarto da mãe. Antes, o recém-nascido ia para um berçário de transição e chegava a ficar até mais de quatro horas afastado da mãe.

“O alojamento conjunto é muito importante para a mãe e o bebê, pois os vínculos afetivos são construídos e fortalecidos a partir desse contato já iniciado nos primeiras minutos após o nascimento. A permanência do bebê junto a mãe estimula e motiva o aleitamento materno, tornando mais fisiológica e natural, além de ajudar na recuperação do corpo da parturiente”, diz  Marcia Maria da Costa, diretora da maternidade.

Segundo ela, alojamento conjunto permite que os pais “aprendam com as profissionais de enfermagem os cuidados indispensáveis ao recém-nascido, como a maneira correta de amamentar e principalmente, conhecer as necessidades do bebê, a partir de suas reações”.

O projeto será voltado para bebês não-prematuros, com peso acima de 2,5 kg e nascidos de parto normal de mães sem doenças crônicas, como diabetes.

As maternidades Santa Joana e Pro Matre  informam que “promovem a aproximação entre mãe e bebê durante todo o período de internação”. “Os procedimentos de cuidados médicos e de enfermagem também são feitos pela equipe no próprio apartamento”, informam.

Em nota, a assessoria das duas maternidades diz que não restringe o número de visitas simultâneas, mas recomenda que pessoas em estado gripal ou processo febril evitem visitar a mãe e criança.

“Preconizamos o mínimo possível de idas e vindas do bebê do berçário para o apartamento”, dizem.