Por que não devemos colocar criança de castigo para pensar

FABIANA FUTEMA
Pensamento não deve ser associado ao castigo, diz psicopedagoga (Fotolia)
Pensamento não deve ser associado ao castigo, diz psicopedagoga (Fotolia)

Muitos pais aprenderam em programas de TV que a criança deve ser colocada de castigo no ‘cantinho do pensamento’ toda vez que fizer algo errado. A psicóloga e pedagoga Elizabeth Monteiro diz que os pais não devem associar o pensamento com castigo.

“A criança vai pensar em quê? Vai elaborar o quê? Depois os pais acabam ensinando que pensar é castigo, quando pensar é uma coisa maravilhosa”, disse ela nesta quarta-feira (18) durante debate organizado pela Tylenol.

Segundo ela, a criança pequena não vai conseguir utilizar o período que ficou de castigo para refletir se suas atitudes foram corretas ou não.

“Antes dos 6 anos, a criança não adquiriu o conceito da moral. Pode ou não pode é porque sim e porque não, porque a mamãe gosta ou não gosta. A partir dos 6 anos ela sai do pensamento mágico e entra no concreto, começa a entender a função moral”, diz a psicopedagoga.

Isso não significa que as crianças podem fazer coisa até atingir essa idade. Um bebê que tem mania de dar tapa na cara dos pais, por exemplo, deve ser contido. “Os pais devem segurar o bracinho dele e dizer de forma firme: não faça isso. Com firmeza e delicadeza”, afirma a psicopedagoga.

No caso de crianças maiores que estão fazendo birra, a psicopedagoga diz que os pais podem isolá-las. “Você diz a ela: você vai agora para o seu quarto se acalmar. Ou: eu vou agora para o meu quarto me acalmar. Quando você se acalmar, quando nós dois nos acalmarmos, a gente conversa. Não é ficar gritando e dizendo: você vai para o seu quarto e vai ficar lá até eu mandar.”

Betty afirma que separa o castigo da punição. “Castigo funciona e é bom quando é educativo, quando tem relação direta com a causa. Quando alguém fala para uma criança que não come que ela não vai ver TV, qual a relação com a causa?”, questiona ela.

O ator Márcio Garcia alerta para a carga afetiva que os pais levam para a refeição quando perguntam para a criança como eles podem não comer com tantas crianças passando fome na Etiópia. “Quem já não ouviu isso?”

Betty lembra que não é sempre que os adultos estão com vontade de comer e que isso deve ser respeitado.

Se o castigo não tiver relação com a causa, segundo ela, passa a ser punição e deixa de ser educativo. “O castigo precisa existir, mas não como punição para aliviar sua raiva porque a criança está te aporrinhando.”

No livro “Viver Melhor em Família”, publicado pela Mescla Editorial, Betty diz que “se as crianças não compreendem ou não concordam com o motivo e os significados das regras, não as assimilam ou incorporam”.

“A teimosia, a provocação, o oposicionismo e a manipulação são formas de testar a importância de cada expectativa dos pais. Um comportamento que não provoque reação não merece ser repetido”, escreve ela.