Não force o bebê a comer; veja outros erros da introdução alimentar

FABIANA FUTEMA
Pais devem oferecer comidas gostosas e saudáveis (Foto: Mayara Netto/Fotografia com Sentimento)
Pais devem oferecer comidas gostosas e saudáveis (Foto: Mayara Netto/Fotografia com Sentimento)

A regra de ouro da alimentação infantil é nunca forçar a criança a comer. Ela vale também para os bebês, que estão começando a conhecer outros sabores além do leite materno.

A consultora em comportamento alimentar, Fabiolla Duarte, criadora do Colher de Pau, diz que alguns erros da introdução alimentar do bebê podem afetar a sua relação com a comida no futuro.  Entre os principais erros estão forçá-lo, distraí-lo ou iniciar a introdução antes do tempo.

Ela também critica pais que usam de barganha ou chantagem para fazer a criança comer. “Isso tudo, quando usado sistematicamente, causa sérios danos no comportamento alimentar.”

Para tranquilizar pais aflitos com a falta de fome do filho, Ary Lopes Cardoso, chefe de Nutrologia do Instituto da Criança do Hospital das Clínicas, da Faculdade de Medicina da USP, costuma dizer que é normal que crianças de 2 anos passem a rejeitar a comida.

“Quando chegam ao consultório dizendo isso, eu respondo: ‘Ainda bem, seu filho normal’”, diz o nutrólogo.

Para justificar seu argumento, ele faz uma relação entre a idade e ganho de peso da criança ao longo da vida. “Até completar 1 ano, a criança triplica de peso e cresce a metade, em centímetros, da altura que tinha ao nascer. Por isso ela é gordinha, cheia de dobras e os pais se lembram para o resto da vida que ela comia de tudo quando era bebê.”

Mas a partir do segundo ano, afirma Lopes Cardoso, quando ela começa a ficar mais seletiva com a comida, passa a ganhar cerca de 2,5 kg por ano e cresce de 8 a 10 centímetros. “Tem que parar de comer mesmo, é fisiológico.”

Para não ter dor de cabeça com o cardápio do filho, o nutrólogo aconselha os pais a evitarem cinco erros que prejudicam a relação da criança com a comida. São eles: 1) insistir, 2) forçar, 3) agradar, 4) irradiar/barganhar,5) substituir.

“Se os pais não errarem, terão uma criança que come o que tem. Que não fica escolhendo”, diz ele.

Ele lembra que esse quinto item costuma acontecer muito em casa de avós, que oferecem outro prato para criança que recusa a primeira opção.

Lopes Cardoso complementa sua lista com três mandamentos de ouro para a criação dos filhos: 1) não comparar; 2) ter bom senso; 3) fazer seu filho morar na sua casa, e não você na dele. “É preciso botar limites. O pai precisa ser mais esperto que o filho.”

Especialistas são unânimes em defender que as refeições aconteçam à mesa, e não em frente à TV. E sem distrações, como musiquinhas de tablets e celulares.

INTERFERE NA ALIMENTAÇÃO

A nutricionista Priscila Maximino, do Centro de Dificuldades Alimentares do Hospital Infantil Sabará, alerta para outras situações que podem prejudicar o apetite da criança. “Criança cansada, com sono, com nariz entupido ou com virose não come”, diz. “Se vai ficar doente, um pouco antes, já perde a fome.”

Nessas situações, Priscila diz que costuma dar um recado aos pais preocupados com a alimentação do filho: “O apetite é o primeiro que vai e o último que volta”.

Para ela, um dos principais cuidados que os pais devem ter é com a segurança da criança na hora das refeições. “Criança tem que comer sentada no cadeirão e presa pelo cinto de segurança.”

O cadeirão, segundo Priscila, ajuda a incluir o bebê nos hábitos alimentares da casa. “Você pode levá-lo para cozinha enquanto pica os alimentos ou encaixá-lo à mesa na hora das refeições.”