Com poucas informações sobre meningite, pais têm dificuldade para encontrar vacina de quase R$ 600

FABIANA FUTEMA
Suelen Marcheski de Oliveira participa de campanha contra meningite (Foto: Anne Guedes)
Suelen Marcheski de Oliveira participa de campanha contra meningite (Foto: Anne Guedes)

Em meio ao desconhecimento sobre a meningite, os pais ainda encontram dificuldade para encontrar doses da vacina meningocócica B nas clínicas particulares. Como a vacina não faz parte do calendário nacional de vacinação, ela não está disponível no SUS (Sistema Único de Saúde).

A meningo B passou a ser prescrita pelos pediatras em 2015, quando foi aprovada pela Anvisa. Cada dose custa cerca de R$ 580 e são necessárias, no mínimo, duas doses da vacina. Para crianças menores de 1 ano, são recomendadas de três doses.

Apesar do alto custo, pais que desejam imunizar seus filhos contra a meningite B não encontram a vacina nas clínicas particulares. Ela está em falta desde o início do ano.

Questionada sobre o problema de desabastecimento, a GSK, fabricante da meningo B, informa que a “produção de vacinas implica em um complexo processo”. “Em média, leva-se de seis a 29 meses para produzir uma vacina, e cada lote passa por mais de 100 testes”.

Segundo o laboratório, o fornecimento de vacina foi impactado pelo “aumento da demanda global em razão do crescimento populacional, expansão dos calendários de vacinação e até mesmo surtos e epidemias de doenças imunopreveníveis”. “Nem sempre é possível atender rapidamente à demanda.”

Pesquisa global conduzida pela GSK revela que 70% dos pais dizem não conhecer o suficiente sobre os diferentes sorogrupos da meningite e as sequelas que a doença pode causar.

Quase um em cada cinco (18%) pais brasileiros disseram não saber ou não ter certeza sobre os sintomas da meningite. Os sintomas mais comuns da meningite são febre alta repentina, forte dor de cabeça, pescoço rígido, vômitos, convulsões, falta de apetite e presença de manchas vermelhas na pele.

Quase um quarto (23%) disse não saber ou não ter certeza sobre as formas de contágio. Talvez isso explique porque 64% deles considere a meningite como a doença de maior risco à saúde dos filhos entre uma lista de 14 doenças.

Mais da metade dos responsáveis não sabe ou não tem certeza de que existem diferentes tipos de bactérias que causam a meningite _como a A, B, C, W ou Y.

No primeiro semestre, segundo a GSK, São Paulo registrou 20 casos da doença em crianças menores de 2 anos, com duas mortes. A maior parte dos casos da doença no Estado é de meningite C.

CAMPANHA

Os dados da pesquisa marcaram o lançamento da campanha de conscientização “Vença a Meningite”, que visa ajudar pais e mães a conhecer mais sobre todos os tipos da doença meningocócica e as medidas que podem ser tomadas para proteger os filhos.

Atletas paraolímpicos de cinco países participam da campanha. Eles foram fotografados pela australiana Anne Guedes, embaixadora mundial da luta contra a meningite.

Representando o Brasil estava a para-atleta Suelen Marcheski de Oliveira. Nascida em Ijuí (RS), Suelen teve meningite com poucos dias de vida. Aos 13 anos, ela conheceu o atletismo.

Além dela foram fotografados: Lenine Cunha, de Portugal, Jamie Schanbaum, dos Estados Unidos, Beatrice Vio, da Itália, e Madison Wilson-Walker, do Canadá.

A pesquisa foi realizada entre fevereiro e março com 5.000 pais no Brasil, Canadá, Alemanha, Itália e Portugal.

ABASTECIMENTO

O Maternar ligou para duas clínicas de vacinação de São Paulo. As duas informaram que a meningo B estava em falta e não havia prazo para normalização do fornecimento.

A GSK informa que “já iniciou o processo de regularização no Brasil, com volumes que procuram atender à demanda, e está trabalhando na distribuição do produto que requer condições especiais de temperatura no transporte, visando minimizar o risco de novas faltas”.