Para reduzir morte de crianças no trânsito, ONG defende elevar idade para transporte em motos

FABIANA FUTEMA
Motociclista trafega com criança na garupa sem capacete e com boneca na mão no sul do Pará (Foto: Apu Gomes/Folhapress)
Motociclista trafega com criança na garupa sem capacete e com boneca na mão no sul do Pará (Foto: Apu Gomes/Folhapress)

O trânsito é a principal causa de morte acidental de crianças e adolescentes _com idade de zero a 14 anos_ no Brasil. Em 2014, 1.654 crianças desse faixa etária morreram por esse motivo, segundo a ONG Criança Segura.

Desse total, 34% eram passageiras de veículos, 29% eram pedestres, 11% estavam em motocicletas, 6% eram ciclistas e 20% entraram na categoria “outros”.

Em relação a internações, em 2015, 12.979 crianças foram internadas devido a acidentes de trânsito, sendo 34% pedestres, 26% em acidentes de moto, 19% na condição de ciclista, 8% como ocupante de veículos e 13% das ocorrências estão na categoria “outros”.

“Esse número demonstra que ainda há resistência ao uso desses dispositivos [cadeirinhas], que são o meio mais eficaz para garantir a segurança das crianças dentro de um carro. Também houve um aumento da frota de veículos no país, o que facilita o aumento do número de acidentes envolvendo carros”, explica Gabriela Guida de Freitas, coordenadora nacional da Criança Segura.

Entre os dias 18 a 25 de setembro, é comemorada no Brasil a Semana Nacional de Trânsito. O tema deste ano é “Década Mundial de Ações para a Segurança no trânsito – 2011/2020: Eu sou + 1 por um trânsito + seguro”.

Segundo a ONG, estudos americanos demonstram que as cadeirinhas, quando instaladas corretamente, reduzem em até 71% os riscos de óbitos em caso de acidente. Por isso, o uso desse equipamento de segurança é essencial, mesmo que seja para percorrer pequenas distâncias.

Mas não é só dentro de um veículo que a criança corre perigo. Nas ruas, enquanto vai e volta da escola ou joga bola, por exemplo, muitos acidentes podem acontecer. Para evitar que as crianças sejam atropeladas, é preciso que os adultos estejam sempre atentos ao dirigir, que respeitem a velocidade limite e as regras de trânsito.

As crianças também podem aprender sobre comportamento seguro de pedestre, principalmente através do exemplo. Mas até os 10 anos de idade elas ainda não possuem todas as capacidades necessárias para poderem andar nas ruas sozinhas. “Até essa idade, a supervisão de um adulto é sempre necessária”, recomenda Gabriela.

Outro dado que a ONG destaca é o de crianças que morreram ou ficaram gravemente feridas em acidentes de motos. Pela legislação, a criança pode ser passageira de motocicleta a partir dos 7 anos. Para a entidade, esse meio de transporte é muito perigoso para meninos e meninas, pois eles ainda estão em fase de desenvolvimento e seus ossos e órgãos são mais frágeis que os de um adulto.

“Defendemos a aprovação de um projeto de lei que tramita no Congresso e pretende aumentar para 11 anos a idade mínima para o transporte de crianças em motocicletas”, afirma Gabriela.

Outro problema é o uso do capacete pelos pequenos.  “A cabeça de uma criança de 7 anos é menor que a de um adulto, logo o capacete deveria ser especial para essa criança e adequado ao tamanho de sua cabeça para de fato protegê-la em caso de queda. Um capacete de tamanho errado não garante proteção e é muito difícil encontrar no mercado capacetes para crianças com tamanhos menores”, diz a coordenadora nacional da Criança Segura.