Criticada por presentear sobrinho com carrinho de boneca, Luciana Genro diz que brinquedo não tem gênero

FABIANA FUTEMA
Foto publicada por Luciana Genro (Reprodução/Facebook)
Foto publicada por Luciana Genro (Reprodução/Facebook)

A ex-deputada Luciana Genro (PSOL) enfrentou a reação furiosa de vários internautas depois de publicar nas redes sociais a foto do presente que deu para o sobrinho no Dia das Crianças. Era um carrinho de boneca com detalhes em rosa e lilás com as personagens da animação “Frozen”.

“Dia da criança, meu sobrinho pediu um carrinho e ganhou. Aprendendo que cuidar do bebê não é só tarefa das mulheres!”, escreveu ela.

O post teve mais de 15 mil curtidas e 980 compartilhamentos no Facebook. Entre os mais de 880 comentários, muitos criticavam Luciana por dar ao sobrinho um ‘brinquedo de menina’. Outro chegou a dizer que estava ensinando o sobrinho a ser gay.

Surpreendida com a polêmica, ela tentou explicar que o presente era um pedido do sobrinho. “Para quem não entendeu, foi o meu sobrinho quem pediu o carrinho para carregar a boneca. Brinquedo não tem sexo e muito menos uma brincadeira de cuidar de nenê, que deve ser tarefa de pais e mães!”

A explicação foi dada, segundo Luciana, porque havia quem achasse que o sobrinho pediu um carrinho tradicional e ela tentou “impor um de boneca” ao menino.

“Ele pediu o carrinho porque já tinha uma boneca. Minha irmã me disse que ele queria um carrinho para empurrar a boneca e eu dei”, disse a ex-deputada ao Maternar. “Postei isso esclarecendo.  E brinquedo não tem sexo, ainda mais um que ensina a cuidar de bebê, que deve ser uma atividade desenvolvida tanto por homens quanto por mulheres.”

Ela diz que chegou a se arrepender da publicação após a reação negativa dos internautas. “Se eu tivesse imaginado, não teria postado, expondo-o a essa discussão política.”

Segundo Luciana, as críticas partiram principalmente de homens, mas também de mulheres. “Alguns diziam que estava impondo uma ideologia de gênero, que era um absurdo eu usar minhas convicções políticas para expor uma criança, coisas completamente descabidas. Como se um menino brincar de empurrar uma boneca  seja uma ideologia de gênero.”

Esse debate todo, na opinião da ex-deputada, expõe o machismo presente na sociedade e reforça a necessidade de discutir o papel da mulher no mundo.

“Ainda há uma forte tendência de exigir da mulher que ela seja principal responsável pelos cuidados com o filho e com a casa. E que ao homem cabe, na melhor das hipóteses, ajudar a mulher, e não ser parceiro dela nessas tarefas”, afirma.

Ela faz um paralelo com a forma como as meninas são criadas. “Não imaginei que as pessoas condenassem a ideia de estimular um menino a aprender a ser pai, enquanto as meninas sempre são incentivadas a aprender a ser mãe, ganham bonecas, cuidam delas. Todos veem isso como algo muito normal e saudável.”

“Depois, coitado desses homens quando viram pais, eles não sabem o que fazer, nunca aprenderam. Alguns têm a boa vontade de aprender depois de adultos, embora não tenham tido a oportunidade quando criança. Mas outros incorporam de forma tão forte que isso não é para homem que nunca vão conseguir aprender a cuidar do filho.”