Mães aderem à festa de aniversário compartilhada para poupar tempo e dinheiro
Depois que o filho entra na escola é comum que os pais passem a receber ao menos um convite de aniversário por mês de algum amiguinho de classe. Soma-se a essa festa os aniversários dos primos e vizinhos e sua agenda fica repleta de eventos infantis. Quase não sobra espaço para a programação adulta dos pais, que também precisam de diversão.
Uma solução encontrada por alguns pais é o compartilhamento de festas infantis entre amiguinhos de classe. Esse recurso funciona bem quando as crianças fazem aniversário perto uma da outra e são da mesma sala de aula, pois possuem vários convidados em comum.
Esse é o caso da engenheira Bluma Koiffman Chaves, 43, que há dois anos aderiu à festa compartilhada para comemorar o aniversário do filho Vinícius, de 7 anos. No ano passado, a festa foi compartilhada com os irmãos Anthony e Bryan em um buffet do Ipiranga, zona sul de São Paulo.
“Chega uma hora que a gente tem um monte de festa para ir, uma perto da outra. As mães até se ligam para não marcarem no mesmo dia. Fazendo assim, você libera a agenda dos pais para outras atividades, pois são os mesmos amigos que iriam nas duas festas”, afirma ela.
Além do tempo, as mães também economizam dinheiro com esse modelo de festa. A gerente de RH Karen Ramirez, 40, já fez duas festas compartilhadas para a filha Helena, que completa 8 anos em outubro. As duas comemorações foram compartilhadas com três amiguinhas que faziam aniversário no mesmo mês.
“Meu marido não gosta muito de gastar com festa, acha que é dinheiro jogado fora. E eu adoro festa. Desse jeito, dá para fazer uma bela festa, todos se divertem e sem gastar muito”, afirma Karen. “Fora que em vez de ter de ir quatro festas, a gente vai a uma só.”
Com o compartilhamento, uma festa que custaria cerca de R$ 8.000 acaba saindo R$ 2.000 por família. Na segunda festa de Helena, tirando os convidados em comum, cada aniversariante podia levar mais 20 pessoas.
No primeiro ano, o tema da festa foi Frozen. Karen viajou e trouxe fantasias da Elsa e Anna para as quatro aniversariantes. No ano passado, o tema da festa foi Carrossel. “Uma das mães é muito jeitosa e fez as lembrancinhas das meninas, foi muito legal.”
A empresária Andréa Wulkan compartilha há três anos a festa do filho David. Na primeira vez, ela diz que perguntou no grupo de WhatsApp da classe se alguém queria dividir a festa com o filho, que faz aniversário em abril.
“Duas ficaram animadas. Fizemos as contas e mesmo as datas não sendo tão próximas, a festa foi um sucesso. Escolhemos tudo junto e a festa foi um sucesso”, diz.
Neste ano, as mães fizeram uma festa só para meninos no prédio com o tema Pokémon e partida de futebol. “Foi demais! Acho super bacana dividir. As crianças acharam o máximo e outras quatro mães dividiram em duplas as festas. Na nossa, cada um teve um bolo com um parabéns falando os apelidos em ordem alfabética”, conta Andréa.
Segundo ela, a questão da economia foi o fator preponderante para escolher esse tipo de festa somente no primeiro ano. “Você ensina ao seu filho a dividir e a celebrar com outras pessoas e que o importante é curtir. Meu filho não quer mais fazer sozinho. Vivemos um período de muito consumo, modismo desenfreado e egocentrismo. Meus filhos entenderam que o prazer não está na festa luxuosa e sim em dividir e comemorar a vida com quem gostamos.”
Quem compartilha uma vez parece sempre querer repetir a experiência. Karen também tentou compartilhar a festa deste ano do filho Frederico, que fez 5 anos em abril. “Quando comentei na classe dele, algumas mães ficaram surpresas com a ideia. Depois uma topou e a gente fez em restaurante.”
Bluma também compartilhou a festa da filho neste ano pela segunda vez. Desta vez, a comemoração foi somente para os amiguinhos da classe. “Criança nessa idade sabe muito bem o que quer. Eles querem festa, querem brincar e ganhar presente. Com esse modelo, eles se divertem e os pais não gastam muito.”
Para a enfermeira Marcela Rossetto, 35, que há três anos faz festa compartilhada, a grande vantagem é a divisão de atribuições. “Por mais prático que seja dar festa em buffet, sempre dá trabalho. Quando a gente divide, também compartilha as tarefas.”
Mãe de Anita, de 6 anos, Marcela afirma que a festa compartilhada nem precisa ser entre crianças do mesmo sexo. “Ela sempre faz com o mesmo amiguinho, que conhece desde bebê. Eles entram em acordo sobre a decoração e dá super certo.”
Eles já fizeram duas festas juntos: uma em que o tema foi Toy Story e outra, com a mesa de Super Heróis. Neste ano, um terceiro amiguinho se juntou ao compartilhamento e eles fizeram um piquenique no parque.
Para dar certo, segundo Bluma e Marcela, a festa compartilhada precisa ser feita entre amigos com muita afinidade. “Durante o planejamento vão surgir questões que ambos precisarão decidir, como lembrancinhas, cardápio. É bom ter esse convívio”, afirma Bluma.
FESTA ECONÔMICA
A rede Cata-Vento, que possui 31 buffets espalhados em 10 Estados do país, lançou neste ano a festa compartilhada. “Percebemos que havia pais que procuravam por esse modelo, mas nós não estimulávamos. A diferença é que agora a gente passou a oferecer esse modelo de festa”, afirma Alexandre Ferreira, diretor de marketing do Cata-Vento.
Segundo ele, alguns pais se assustam no início com a ideia de compartilhamento de festa. “Eles pensam que é para dividir com um desconhecido. Mas aí explicamos que ele compartilha com quem quiser.”
Além da festa compartilhada, o Cata-Vento lançou outro modelo de festa econômica. Ela ocorre no dia em que a rede abre as portas para o público, mediante pagamento de ingresso, como se fosse um parque de diversão.
Neste dia, o aniversariante pode reservar uma mesa para ele e mais dez pessoas por exemplo. Os valores dependem da quantidade de convidados e do que vai ser servido. “São modelos mais econômicos de festa, que atendem quem deseja comemorar mas não pode fazer o aniversário sozinho. Neste modelo, por exemplo, os convidados da festa vão dividir o espaço do buffet com pessoas desconhecidas.