Procuradoria quer apuração de casos de violência obstétrica em maternidade de SP

FABIANA FUTEMA
Manobra de Kristeller é considerada uma violência obstétrica (Reprodução)
Manobra de Kristeller é considerada uma violência obstétrica (Reprodução)

O Ministério Público Federal em São Paulo (MPF-SP) quer que a Maternidade Sacrecoeur, localizada no centro de SP, apure a responsabilidade dos profissionais que atuaram em partos em teria ocorrido a chamada manobra de Kristeller. Esse procedimento consiste em empurrar a barriga da mulher para forçar a saída do bebê, o que pode provocar danos à saúde da mãe e da criança.

Três mulheres já relataram ao MPF que médicos e enfermeiros do hospital adotaram a técnica. Um dos bebês nasceu com fraturas e teve de ficar internado.

Após a primeira denúncia, a Procuradoria cobrou explicações do hospital. A maternidade, que faz parte do Grupo NotreDame Intermédica, alegou na ocasião que a manobra de Kristeller não fazia parte do protocolo de assistência obstétrica da unidade.

Em junho, entretanto, a Procuradoria recebeu dois novos relatos sobre o  uso do procedimento em partos realizados na maternidade.

Em recomendação Sacrecoeur, o MPF pede também que médicos e enfermeiros do hospital sejam formalmente comunicados de que a adoção da manobra de Kristeller está proscrita e passem por treinamentos sobre métodos humanizados de parto.

A procuradora da República Ana Carolina Previtalli Nascimento, autora dos pedidos, também quer que cartazes sejam afixados na unidade alertando o público e a equipe médica sobre  a proibição do procedimento.

OUTRO LADO

Em nota, o Grupo NotreDame Intermédica informou que analisou o prontuário das pacientes atendidas e concluiu que dois partos tiveram complicações que colocavam em “a vida da mãe e do bebê ou somente a do bebê”.

“Para tratar estas complicações foram realizadas manobras tecnicamente corretas e que certamente contribuíram para a boa evolução da mãe e do bebê. Concluímos portanto, que não houve violência obstétrica e que os procedimentos obstétricos aplicados foram tecnicamente corretos e determinantes da boa evolução dos dois partos”, diz a nota.

O Grupo informa ainda que seus hospitais “seguem um protocolo oficial que contraindica a manobra de Kristeller”.

“Após a primeira manifestação do Ministério Público Federal sobre o alerta relacionado a referida manobra, o Hospital e Maternidade Sacrecouer, assim como os demais hospital do Grupo, intensificaram ações relacionadas ao tema e vem constantemente monitorando o cumprimento do referido protocolo oficial.”