Tamanho do seio não interfere na amamentação; especialista fala de mitos sobre esse tema

FABIANA FUTEMA
Tamanho do seio não interfere na qualidade da mamada (Elis Freitas Fotografia)
Tamanho do seio não interfere na qualidade da mamada (Elis Freitas Fotografia)

A amamentação é cercada de mitos que só atrapalham a mãe que ainda está aprendendo a alimentar o bebê. Para ter sucesso na amamentação a mulher precisa de informações corretas e confiáveis.

Para desmistificar alguns conceitos que costumam ser passados de geração para geração, o Maternar pediu ajuda ao pediatra Moises Chencinski, criador do movimento #euapoioleitematerno.

Um dos mitos mais antigos é que diz que existe leite fraco. “Não tem leite forte nem leite fraco. O leite materno é sempre adequado. É importante que a mãe entenda a técnica e características que fazem com que criança necessite mamar mais naquele momento. Isso acontece e passa para mãe ea falsa ideia de que está com leite fraco”, afirma o pediatra.

Chencinski fala sobre mitos e dúvidas relacionados à amamentação; leia abaixo:

Existe leite fraco?

“Recebi uma frase interessante: não existe leite fraco, existe palpite ruim. O leite materno é preparado da forma adequada e é considerado um alimento vivo, que se transforma do começo para o final da mamada, do começo para o fim do dia, e através dos dias, para oferecer para cada criança o que ela precisa naquele momento.”

Mães com prótese de silicone conseguem amamentar?

“As técnicas mais adequadas colocam a prótese atrás do músculo peitoral, de forma que não entre em contato com as glândulas mamárias e não interfiram na amamentação. Numa situação habitual, com uma técnica adequada, não há problema na amamentação.”

Seio murcho prejudica a amamentação?

“Seio materno não é depósito, é fábrica de leite. De 60% a 70% do leite é produzido durante a mamada. Não é o tamanho do seio que determina quanto se mama. Veja casos de mães orientais, elas têm o seio pequeno e costumam amamentar por um período prolongado.”

É preciso alternar os seios durante a mamada?

“A mãe deve oferecer os dois seios em cada mamada. Mas quem determina se vai aceitar um ou os dois seios é o bebê. Começa oferecendo o primeiros seio, em livre demanda, em uma mamada eficaz. Quando o bebê começa a diminuir o ritmo e a soltar o seio, coloca para arrotar e oferece o segundo seio na mesma mamada. Se aceitar, ótimo. Na próxima começa pelo último seio da mamada anterior. Se a mamada for muito curta, pode oferecer o mesmo seio que deu na última vez. Essa mamada [curta] foi uma complementação de água ou necessidade de aproximação. Não  é para alternar, é para oferecer as duas mamas em cada mamada.”

Tenho de esvaziar uma mama antes de oferecer a outra?

É muito difícil esvaziar uma mama. Não tem medidor de quanto leite tinha e quanto ficou. Não vai determinar pelo tempo de mamada, pela potência de mamada. Antes da mamada pode segurar o seio e ver o peso. E  depois de mamar comparar. É importante oferecer o outro seio quando o bebê para de mamar de forma eficaz e a mãe põe para arrotar.

Mulheres com seio grandes podem sufocar o bebê enquanto amamentam?

“Existem várias posições adequadas para amamentar:  a tradicional, a invertida, a cavaleiro, a deitada, e uma que se chama laid back position, em que a mãe fica deitada a 45º e o bebê fica relaxado sobre ela. Para quem tem seio muito grande, a primeira necessidade é que a mama fique macia, pois se ficar muito túrgida o bebê terá dificuldade de pegar a auréola. Não pode pegar mamilo, não é no mamilo que se faz a sucção. Antes, a mãe esvazia um pouco para pegar a mama de forma mais macia. As posições cavaleiro e inclinada são as mais apropriadas para que tem seio muito grande ou a mama muito túrgida.”

A mãe que amamenta não fica grávida?

“Enquanto a mãe amamenta ela pode até não menstruar. Mas isso não significa que ela não ovula. A amamentação não pode ser usada como método anticoncepcional.”

O estresse afeta a produção de leite?

“A produção do leite é um fenômeno neuroendócrino-psicológico. Se passar por um momento sem apoio da família, sem apoio profissional, um momento de tristeza ou depressão, a produção de leite pode ser afetada temporariamente. Mas com o reconhecimento precoce do problema, pedido de ajuda, informação, avaliação médica, e apoio em bancos de leite, a produção pode ser restabelecida.”

Quem fez redução de mama pode ter dificuldade para amamentar?

“Essa dificuldade é sentida por mulheres que tiveram perda do tecido mamário. Alguém que fez cirurgia de redução de mama por motivo estético ou por câncer. Isso reduz a chance de amamentação. Mas é possível. Existem relatos de mulheres mastectomizadas de um lado que conseguiram amamentar com o outro seio. O importante é sempre pedir ajuda e receber orientação adequada para oferecer o leite materno da melhor forma possível.”

É verdade que chupeta e mamadeira atrapalham?

“O ideal é não usar nem chupeta nem mamadeira. Além de dificultar no futuro a mastigação e  respiração, na fase inicial pode causar confusão de bicos. Existe uma dinâmica diferente da mamada do seio da mamadeira. O uso do bico sem necessidade faz com que, quando se tenta voltar o bebê ao seio o bebê, ele tenha dificuldade de sugar. Com isso aumenta a chance de desmame. Há uma cultura de usar chupeta e mamadeira quando o bebê chora e a mãe não sabe como acalmá-lo. O pediatra pode esclarecer o risco de desmame e ensinar formas de minimizar, como trocando a mamadeira pelo copinho.”