Não fique ansioso com o início da vida escolar; veja dicas de educadoras para facilitar esse processo
Não são apenas as crianças que ficam ansiosas com o início da vida escolar. Talvez os pais fiquem ainda mais apreensivos. São muitas as dúvidas que surgem neste momento. Será que é cedo demais para entrar na escola? Será que o colégio é bom? Meu filho vai ficar bem longe de mim?
É normal ter esse tipo de preocupação. Afinal, todo pai quer o melhor para o filho e deseja muito acertar no processo de desenvolvimento da criança.
Para que essa etapa seja menos sofrida, tanto para o adulto como para a criança, é importante que os pais confiem na escola que decidiram matricular o filho.
“A primeira coisa é confiar na escola que ele contratou. Às vezes, o pai está inseguro em relação a algum procedimento e acaba criticando na frente da criança. Isso gera mais ansiedade e insegurança na criança”, afirma Nevinka Tomasich, diretora do Colégio Jardim Anália Franco.
Para tirar as dúvidas e ter certeza que fez uma boa escolha os pais devem visitar a escola e perguntar tudo o que acharem necessário para o diretor ou coordenador pedagógico. Não existe pergunta burra ou dúvida desnecessária. Se preciso, visite mais de uma vez.
“Os pais devem ir várias vezes, visitar em diversos momentos, tanto no horário de aula como do lanche, conversar com a coordenadora e com a nutricionista. E só matricular depois de tirar todas as dúvidas”, diz Nevinka.
De tantos detalhes, qual o mais importante que os pais devem observar? Maria Helena Rocha, diretora de educação infantil do Colégio Vértice, diz que os pais devem verificar se a família se identifica e tem os mesmos os princípios e valores da instituição.
“Mais que o nome ou peso de determinada organização, os pais têm de chegar à conclusão de que aquela é a proposta ideal para seus filhos. Quanto mais confortáveis estiverem com esta proposta, mais tranquilo será o processo de adaptação da criança”, afirma.
Outro passo importante é conhecer as instalações da escola. “A aprendizagem acontece nos diversos ambientes da escola, não somente na sala de aula. Escolas com infraestrutura mobilizam a construção da aprendizagem por meio de diversas linguagens e promovem o desenvolvimento de habilidades para toda a vida”, diz Cláudia Ayres Paschoalin, coordenadora psicopedagógica da educação infantil e ensino fundamental I do Colégio Marista Glória.
Nos anos iniciais, os pais devem observar também o número de alunos por classe e de adultos responsáveis pelas crianças. Nevinka diz que as crianças menores precisam de mais atenção e por isso classes mais lotadas e com poucos adultos não facilitam o seu desenvolvimento.
Segundo as educadoras, é importante que os pais insiram a criança no processo de escolha. “Ajuda quando a criança participa das situações que envolvem o ingresso na escola, como visita ao colégio, compra de mochila, lancheira, uniforme”, afirma Cláudia.
Como preparar as crianças para a volta às aulas? “Explique como será a rotina da escola, que lá ela fará amigos, terá hora para lanchar, que, após o período de aulas, os pais voltarão para buscá-la”, diz Maria Helena.
Também é importante que os pais não aumentem a expectativa da criança com o início da vida escolar. “Evite fazer contagem regressiva de quantos dias faltam para o início das aulas. Isso pode gerar uma ansiedade frente ao ambiente que ainda é pouco conhecido. Evite mentir sobre a permanência na escola. A ida à escola será uma rotina diária, não ‘só uma vez’, afirma Claudia.
Outra dica é estimular, encorajar e falar sobre as coisas boas que o ambiente escolar proporcionará à criança. “Diga que ela vai brincar, encontrar amigos, aprender coisas novas. Fale com entusiasmo sobre a escola. O pais podem demonstrar como estão felizes com essa nova etapa na vida da criança”, diz Nevinka.
Não tente barganhar ou fazer chantagens para obrigar o filho a entrar na escola. “Jamais faça acordos ou trocas materiais com a criança. Nunca diga que vai dar um presente se ela for naquele dia. Você estará deixando a criança mal-acostumada ao invés de ensinar que a escola é uma responsabilidade que ela precisará assumir”, afirma Maria Helena.
Para ela, é melhor que os pais elogiem a criança. “Demonstre que está orgulhoso porque ela ficou mais tempo na escola ou porque interagiu com colegas, não chorou, participou das atividades. Este encorajamento descritivo proporciona mais segurança emocional para a criança.”
Por fim, não se surpreenda se a criança entrar numa boa na escola sem chorar nem chamar pelos pais. “Tem pai que não acredita quando isso acontece. Esse é um processo de adaptação para toda a família, não só para a criança. É preciso incentivar a criança para que ela faça esse caminho com segurança”, diz Nevinka.