Mães contam como é trocar a carreira pelo empreendedorismo

Melina Cardoso
Flexibilidade nos horários, possibilidade de trabalhar em casa e acompanhar mais de perto o crescimento dos filhos. Esses são os principais motivos que levam mulheres a trocarem suas carreiras pelo empreendedorismo após a maternidade.

Levantamento recente da Rede Mulher Empreendedora mostra que três em cada quatro mulheres que abriram um negócio tomaram essa decisão após a chegada dos filhos.

 Foi o caso de Perla Zandoná,40. Mãe de Izabela,3, ela deixou a gerência regional de operações de uma grande empresa para fabricar joias. Única fonte de renda da família, ela reconhece a “ousadia”, mas diz não ter saudade de ficar grudada no celular atendendo ligações ou respondendo a mensagens nos dias de folga.

 

“Percebi que saia muito infeliz para trabalhar e não era este o exemplo que eu gostaria de dar a ela. queria mostrar que trabalhar poderia ser muito prazeroso, divertido e engrandecedor”.

 

Perla durante trabalhando em uma feira
Perla, em um evento, após trocar de profissão depois da chegada da filha (Crédito: Gabi Trevisan)

Mãe de Catarina, 5 anos e 10 meses, e das gêmeas Emilia e Gabriela, de 5 anos e 3 meses, Daniela Foltran, 36, atuou como embriologista por 11 anos. a intensa rotina profissional incluía todos os finais de semana e feriados.

Porém, as gêmeas tiveram problemas de saúde –que exigiram consultas médicas recorrentes e fisioterapia– e encaixar esses compromissos na agenda profissional tornou-se extenuante, segundo ela.

 

“O meu rendimento foi caindo, a tristeza e o cansaço aumentando. Mas eu não dava conta de que havia entrado em um processo patológico”, conta. em 2014, o que achava ser cansaço pela falta de dormir, era síndrome de Burnout e síndrome do pânico associados.

 

Hoje, ainda em tratamento, ela comemora poder acompanhar a rotina das meninas de perto, planejar atividades sem ter o receio de precisar cancelar compromissos em cima da hora. ” Sou outra pessoa: consigo sair de casa, conviver, trabalhar, sem ter crises de ansiedade, por exemplo.”

 

Para equilibrar as contas domésticas, divididas com o marido, ela também contou com a ajuda de amigos e familiares. “Ter uma vida sem dinheiro e saudável é melhor que não mais viver para ver minhas filhas crescerem”, conclui Daniela, que abriu uma empresa de babadores e aventais infantis.

 

Daniela cercada pelas três filhas
Daniela e as filhas Catarina, Emilia e Gabriela, em casa, onde trabalha atualmente (Arquivo Pessoal)

 

Quem também precisou enxugar as despesas foi a publicitária Ana Carolina Cintra, 34. Após sair de uma agência de design, onde atuou por 15 anos, ela virou consultora de comunicação digital.
Mãe de Cecília, 2, avaliou que as 12 horas em que ficava fora de casa a impediriam de acompanhar o crescimento e desenvolvimento de sua filha.

Mesmo com apoio financeiro do marido, precisou repensar o estilo de vida e se planejar financeiramente.

“Quando eu coloco na balança tudo que conquistei nesse período de empreendedorismo, o saldo é bem mais positivo que negativo”, diz.

As três mães fazem parte de um grupo de expositoras que estarão na 1ª Feira de Empreendedorismo Materno, que ocorrerá neste sábado. O evento terá produtos variados, todos relacionados ao universo materno-infantil, além de uma feira gastronômica.

 

Ana Carolina com a filha Cecília, de 2 anos, no colo
A publicitária Ana Carolina e a filha Cecília (Crédito: Michelle Gouvea)

QUANDO: sábado (2), das 11 Às 16h

ONDE: Lumos Cultural, r. Cardoso de Almeida, 1734, Perdizes, São Paulo. Informações (11) 96695-8667