Só entendi minhas amigas depois que virei mãe

Melina Cardoso

Na reta final da gestação me aproximei virtualmente de duas amigas que passavam pelo puerpério. Esse período, considerado um dos mais difíceis da maternidade, é quando a mulher e o bebê ainda estão se acostumando com a nova rotina, com a amamentação e quase sempre com a falta de sono.

Eu tinha muitas dúvidas, elas muitas respostas. Eu, sempre constrangida por escrever, destacava todas as vezes o “responda quando der”, ou o “só se puder falar”. Não queria atrapalhar.

Dúvidas infinitas sobre o trabalho de parto, sobre a dor, anestesia, sobre o pós-parto, sobre amamentação.

Sempre soube que cada parto é um parto. Nenhum é igual, nunca. Mas nada melhor que se preparar ouvindo quem já passou pela experiência. Era uma sensação de segurança que eu tinha ao saber o que me esperava.

Bruna e Juliana gravavam áudios. Longos. Falavam de tudo. Paravam geralmente quando suas bebês choravam, ou dormiam. Era um respiro para tomarem um banho rápido ou prepararem algo para comer.

Algumas vezes a resposta vinha uma semana depois, mas sempre chegava. E mais uma vez eu pedia desculpas por importuná-las, e as duas, que não se conhecem, respondiam agradecendo a oportunidade de falar. Confesso que não entendia. Como assim?

Em agosto desse ano, ainda em licença-maternidade, conheci virtualmente a Lívia. Uma amiga em comum nos apresentou. Minha filha estava com quatro meses.

Na reta final da gestação, Lívia trocou de médico e queria saber como era o parto, a dor, a anestesia. Ela sempre escrevia constrangida, pedindo desculpas por me atrapalhar.

Eu respondia, às vezes dias depois, mas sempre respondia.

Falava da minha rotina, do que era difícil, da falta de sono, da demanda pesada, das coisas que ficavam leves por causa da rede de apoio que sempre tive.

Era um privilégio dividir o que passava e poder falar para quem quisesse ouvir. Essa troca ajudou a elaborar o início da minha maternidade. Juliana, Bruna, agora eu entendo vocês. Muito obrigada!

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