‘Sistema sabota quem decide amamentar’, diz diretora de documentário

“O problema não é querer ou não querer amamentar. O problema é ter um sistema gigantesco que acaba sabotando a relação mãe-bebê”. Assim, a atriz e diretora de cinema Graziela Mantoanelli, explica parte das dificuldades que muitas mulheres enfrentam ao amamentar.

Ela dirige o documentário “De Peito Aberto”, que estreia neste sábado (4) no Unibes Cultural, em São Paulo, em comemoração à Semana Mundial de Amamentação,

Ela cita, entre outros, a pressão familiar, da indústria de alimentos, de beleza e do mercado de trabalho como vilões nesse processo. “As mães sofrem vigílias de todos os lados. Não foi a mãe que falhou, fomos nós como sociedade”, referindo-se aos casos em faltou apoio e o aleitamento foi encerrado. “Precisamos acolher todas as experiências e aprender com elas”, completa.

No documentário “De Peito Aberto”, Graziela fala com propriedade de quem enfrentou muitos problemas até a amamentação engrenar. “Senti dor, tive dificuldades, chorei e sempre me perguntava: por que ninguém me avisou que era tão difícil assim?”

Na produção, seis mães de diferentes realidades socioeconômicas falam sobre os obstáculos que enfrentam ao dar de mamar a seus bebês de forma exclusiva até os seis meses, como preconiza a OMS (Organização Mundial de Saúde).

Também são ouvidos especialistas internacionais no assunto e famílias engajadas com o tema.

“O cenário só irá mudar quando a condição social da mulher mudar. Uma sociedade mais justa é construída a partir de vínculos sólidos, de respeito desde o nascimento”, completa.

Mãe de Arthur, de nove meses, Laryssa Bonfim,21, lamenta não ter amamentado o filho, que já deixou a maternidade tomando fórmula. Ela afirma não ter recebido nenhum tipo de informação nem apoio no hospital.

“Meu filho mal sara de uma gripe e já precisa tomar um novo antibiótico porque está doente de novo”, diz Laryssa. “Chego a levá-lo ao pronto-socorro duas vezes ao mês. Mães de crianças mais próximas que amamentam não passam por isso”, observa a mãe.

Laryssa e o filho Arthur, de nove meses; a mãe afirma que a falta de amamentação comprometeu a imunidade do seu filho

Segundo o otorrinolaringologista do Hospital Cema Gustavo Mury, a observação de Laryssa faz sentido.

O leite materno faz a glândula responsável pela imunidade do bebê dobrar de tamanho. É um alimento completo, uma vez que é de fácil digestão, hidrata e contém todos os nutrientes necessários e em quantidades adequadas para o crescimento saudável.

Os benefícios da amamentação vão além dos primeiros meses, reduzindo o número de consultas médicas e episódios de rinossinusites até os seis anos”, diz o especialista, citando um estudo da Academia de Pediatria Americana.

Pré-lançamento do filme “De Peito Aberto”

Unibes Cultural, sábado, 04 de agosto, às 18h30 (haverá distribuição gratuita de ingressos a partir das 18h). Rua Oscar Freire, 2500, Sumaré, São Paulo.

A partir do dia 7 de agosto, o documentário estará disponível para exibições na plataforma VideoCamp. Para mais informações, acesse o dite www.depeitoaberto.net.

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