Conheça as diferenças entre alergia à proteína do leite e intolerância à lactose
O último post do Maternar falou sobre a percepção que muitos pais têm em relação à alimentação dos filhos.
O resultado de uma pesquisa evidenciou que 7% dos pais entrevistados disseram que os filhos possuem algum tipo de alergia. Desse universo, 33% responderam que as crianças eram alérgicas à lactose e 19% a corantes.
A percepção desses pais está errada, segundo a nutricionista Raquel Bicudo, que atua no ambulatório de Alergia alimentar da Unifesp, pois não existe alergia à lactose e sim à proteína do leite. O que as crianças podem apresentar é intolerância à lactose. Nesse último caso, o organismo tem dificuldades para digerir o açúcar do leite, causando desconfortos no sistema digestório.
Já no caso de alergias, as reações são mais violentas porque o corpo não aceita a proteína do leite. O contato com o produto pode gerar manchas pelo corpo, dermatites, sangramentos nas fezes, falta de ar e, além de edema de glote (quando a garganta fecha) e, em casos extremos, parada cardíaca.
O acompanhamento médico de um alérgico geralmente é feito de forma multidisciplinar com médicos, nutricionistas, fonoaudiólogo e psicólogos.
“Muita gente ainda diz que é frescura”, lamenta a auxiliar de serviços gerais Kelen Ritter, mãe de Helena, de um ano, que tem alergia à proteína do leite.
Segundo ela, até descobrir o problema, a menina passou passou por crises de vômito e diarreia, além de apresentar manchas pelo corpo e indisposição.
Para evitar o contato com a proteína, todos os utensílios da casa foram trocados e dificilmente Helena come fora de casa.
“É difícil, porque tenho outras filhas de 3 e 10 anos”, conta a mãe que faz acompanhamento da filha com pediatra, nutricionista e pneumologista.
A enfermeira e também pesquisadora sobre o tema Priscila Carmo lembra que nos casos em que há alergia à proteína do leite, não basta suspender o consumo oral. “Hoje, a proteína do leite é encontrada em diversos produtos como sabonetes, detergentes, desodorantes e lenços umedecidos. É preciso sempre olhar o rótulo”, diz.
Mães que amamentam bebês alérgicos também devem suspender o contato com esses produtos, pois mesmo um traço da proteína do leite pode gerar reações extremas.
PÕE NO RÓTULO
Em vigor desde julho 2016, uma resolução nacional prevê que os rótulos de produtos industrializados e embalados na ausência do consumidor devem ter informações claras sobre conteúdos que podem causar reações alérgicas.
“Quem tem que conhecer o que produz é a empresa fabricante, a quem cabe informar com qualidade o consumidor para que ele possa fazer escolhas alimentares saudáveis e seguras”, afirma a advogada Cecília Cury, do movimento Põe no Rótulo.
O movimento, que gerou a resolução, ganhou visibilidade nacional e apoio de muitos artistas.
Fernanda Hack, advogada e co-fundadora do Põe no Rótulo lembra que apesar dos avanços na rotulagem dos produtos, hotéis, aviões, padarias, restaurantes e lanchonetes não são obrigados a oferecer esses dados. “Por isso, o alérgico precisa ter cuidado de se informar para saber a composição do prato. O ideal é que o alérgico tenha vida social e não viva numa bolha”, diz.
HÁ PREVENÇÃO?
A nutricionista Raquel Bicudo pontua alguns fatores que podem ajudar a prevenir as alergias, tais como:
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Aleitamento materno exclusivo até os 6 meses;
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Introdução da alimentação complementar equilibrada e variada a partir dos 6 meses. Sem postergar para além dos 12 meses a introdução de alimentos potencialmente alergênicos, como ovo, trigo e peixe, por exemplo.
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Manutenção de níveis adequados de vitamina D, através da exposição solar orientada pelos médicos e pediatras.
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Parto vaginal ao invés de cesarianas. O parto vaginal influencia a formação da microbiota do bebê, ajudando na prevenção das alergias.
Para saber mais:
Cartilha sobre alergia alimentar