Rumores sobre aparição da Momo em vídeos infantis assustam pais
Semana passada, diversos pais ao redor do mundo relataram que a boneca macabra Momo apareceu durante vídeos infantis no YouTube Kids. Há relatos de pais que disseram que a Momo ensinava, inclusive, a cortar os pulsos. Em uma busca no YouTube Kids, a personagem Momo não aparece em nenhum vídeo, mas a situação abre um debate sobre o quanto as crianças usam celulares e a quais conteúdos elas têm cesso.
Segundo a psicóloga Cristiane Pertusi, caso a criança tenha visto algo estranho, conversar é a melhor saída para entender o que ela está sentindo. “É preciso reforçar que o que ele ensina é errado [referindo-se à suposta dica de suicídio]”.
A especialista explica que mudanças no comportamento da criança, como se isolar ou ficar mais calada são indicativos para os pais buscarem ajuda médica.
“Temos que entender a influência das mídias na formação dos filhos. Não dá pra fingir que não há essa influência”, explica a terapeuta familiar sistêmica Michelle Sampaio, da Casita.
A profissional orienta maior proximidade com os filhos, como refeições em família, com olho no olho. “Essa conexão gera maior comunicação e possibilidade de acolhimento familiar”.
Para ela, o momento é oportuno para ajudar a criança a enfrentar a vida real. “Os pais não devem fingir que nada ocorreu. É possível ressignificar esse mal estar mostrando que há coisas ruins e coisas boas no mundo”.
Por fim, Michele explica que os pais podem direcionar a atenção das crianças para outra coisa como ler uma história, fazer um desenho ou outra atividade.
Fernando Collaço, head de conteúdo da PlayKids, concorda com Michelle. Para ele ainda há falhas na educação digital de pais e filhos. “A criança deve ter liberdade para contar aos pais que viu um conteúdo que a assustou ou que ela achou que seus pais poderiam considerar impróprio. Quanto mais abrimos esse espaço de diálogo, mais fácil será para que os pequenos sintam-se confortáveis e seguros ao relatar algo para nós”, destacou.
RELATO PESSOAL
Em casa não temos o hábito de deixar nossa filha muito tempo com o celular. Ela ama ouvir música e já ligou para algumas pessoas pela câmera do WhatsApp.
Como a maioria das crianças de sua idade, escuta “Baby Shark Doo Doo Doo” e faz as coreografias com as mãos. Recentemente, ela teve uma crise de choro após ver um vídeo do Baby Shark e disse que estava com muito medo. Marli, que ajuda a cuidar dela não sabia o que fazer para acalmá-la. Ela me ligou, mas nada a acalmava.
Ela é muito comunicativa. Então, quando cheguei do trabalho, conversei com ela sobre o choro e ela repetiu que estava com medo do Baby Shark. Oramos juntas, falei muito com ela, explicando que o Baby Shark não fazia nada e decidimos reduzir ainda mais o tempo de exposição ao aparelho.
Não sei se o contato com o vídeo foi no YouTube tradicional ou no Kids, e nem posso afirmar que ela viu de fato a boneca macabra, mas fica o alerta sobre o uso do aparelho em casa.
OUTRO LADO
Procurado, o Youtube respondeu, por meio de nota, que não há evidências da existência do desafio Momo no YouTube Kids. “Conteúdo desse tipo violaria nossas políticas e seria removido imediatamente”, disse o comunicado.
“A discussão que veio à tona com o Momo e outros desafios, como Baleia Azul, trouxe alertas importantes para as famílias, para que monitorem mais o uso da internet e, sobretudo, conversem com os filhos, num clima de abertura e acolhimento. Vale também para as escolas, que devem incluir nas aulas uma educação para o uso responsável e seguro da internet”, afirma Andrea Ramal, Doutora em Educação pela PUC-Rio.
Leia o comunicado do Youtube na íntegra
“Ao contrário dos relatos apresentados, não recebemos nenhuma evidência recente de vídeos mostrando ou promovendo o desafio Momo no YouTube Kids. Conteúdo desse tipo violaria nossas políticas e seria removido imediatamente. Também oferecemos a todos os usuários formas de denunciar conteúdo, tanto no YouTube Kids como no YouTube. O uso da plataforma por menores de 13 anos deve sempre ser feito pelo YouTube Kids e com supervisão dos pais ou responsáveis. É possível que a figura chamada de “Momo” apareça em vídeos no YouTube, mas somente naqueles que ofereçam um contexto sobre o ocorrido e estejam de acordo com nossas políticas. Para mais detalhes, vale consultar a página sobre Segurança Infantil no YouTube“.
*Essa postagem foi atualizada dia 19.mar.19 às 12h
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