Você conversa sobre violência sexual com seu filho? Vídeos infantis podem ajudá-lo

Conversar sobre violência sexual com os filhos é um dos caminhos mais efetivos para preveni-la. A opinião é da psicóloga Michele Mansor, gerente nacional de desenvolvimento programático da Aldeias Infantis SOS Brasil,

Para ela, quando pais ou responsáveis têm tempo de qualidade com os filhos, é mais fácil criar canais de escuta e acolhimento. “Quanto mais próximos dos nossos filhos, mais aberto e franco será o diálogo. O maior problema da violência infantil é o silêncio”, ressalta a psicóloga.

Michele lembra que as palmadas corretivas usadas por alguns pais também são consideradas violência e podem gerar aumento da agressividade na criança, baixa autoestima, medo e afastamento dos pais. “Apanhar não ajuda a criança a compreender seu erro. Apenas desperta o medo e distancia pais de filhos, abrindo espaços para mentiras e falta de diálogo. “A criança que sofre violência física aprende a não confiar nos pais”, diz a especialista.

Crianças que sofrem abuso sexual costumam apresentar sinais como mudanças bruscas de comportamento ou um súbito medo ou rejeição a uma pessoa que ela conheça. A repulsa pode ser a uma atividade, visita a um parente ou ida à escola, também.

Comportamentos que demonstram regressão emocional, como fazer xixi na cama, chorar sem motivo aparente ou chupar o dedo, ou descuidar da aparência e ter pesadelos recorrentes também são indicativos de que algo não vai bem.

Michele Mansur explica que a violência sofrida por ser evidenciada por meio de desenhos ou brincadeiras de cunho sexual. “Se os pais perceberem qualquer sinal suspeito, é importante buscar uma aproximação carinhosa com a criança, sem pressioná-la. Muitas vezes ela se sente culpada pela situação, tem medo de possíveis ameaças ou se sente subjugada emocionalmente pelo abusador”.

O ideal é buscar ajuda de um profissional que possa auxiliar os pais a compreenderem o que está ocorrendo.

DEFENDA-SE

Criada em 2014, a campanha Defenda-se, do Centro Marista de Defesa da infância, da Rede Marista, traz vídeos educativos com situações cotidianas em que a criança pode se defender do abuso ou da exploração sexual, a partir do conhecimento dos seus direitos, relatando a violência para alguém de confiança ou denunciando diretamente no Disque 100.

Para ampliar o alcance das mensagens, a campanha disponibilizou versões com libras, com audiodescrição, em inglês e espanhol.

Vinícius Gallon, criador da campanha, aponta para as oportunidades diárias que surgem para conversar com as crianças sobre esse assunto, livre de tabus. “É fundamental, desde cedo, apresentar as partes do corpo humano e para que servem cada uma delas. Os pais já fazem isso, mas a maioria pula as partes íntimas, seja por vergonha, pudor ou por acreditarem que ao apresentá-las imediatamente despertarão o interesse sexual das crianças –o que não é verdade”, diz.

Ele defende que, ao explicar o que são as partes íntimas e para que elas servem nessa fase da vida, os pais já podem orientar quais tipos de toques nessa região são adequados (como durante a higienização ou exame médico) e quem são as pessoas que podem tocá-las.

É muito comum vermos adultos repreendendo crianças que se negam a abraçar, beijar, ficar no colo ou prestar pequenos serviços a algumas pessoas. Para Gallon, pais que fazem isso passam a ideia de que os filhos não têm direito sobre o próprio corpo, às próprias vontades e emoções. “Em uma situação de abuso sexual, crianças que crescem em ambientes assim, dificilmente denunciam seus violadores, pois foram levadas a acreditar que devem obediência em qualquer situação”.

Por fim, ele lembra que muitas das crianças que denunciam são desacreditadas, afinal existe ainda uma cultura ‘adultocêntrica’ que não considera a opinião da infância. “Esse é outro papel dos pais, ouvir os filhos atentamente e acreditar no que falam”, conclui Vinícius.

PARTES ÍNTIMAS

CARINHOS

VÍDEO COM AUDIODESCRIÇÃO

VÍDEO COM LIBRAS

Abaixo, mais vídeos que podem dar uma forcinha na hora de falar sobre o corpo com os filhos:

PIPO E FIFI PARA BEBÊS

LIVRO “PIPO E FIFI”, POR FAFÁ CONTA HISTÓRIAS

LIVRO “NÃO ME TOCA, SEU BOBOCA!”, POR FAFÁ CONTA HISTÓRIAS

#DÊUMBASTA

Termina nesta quinta-feira (13) na estação Paulista do Metrô, a campanha #DêUmBasta (da Aldeias Infantis SOS Brasil). Além de folders impressos nas estações, promotoras farão um quiz de perguntas e respostas para identificar sinais de abuso infantil em crianças e adolescentes.

Segundo a organização humanitária, a cada 24 horas, 320 crianças são exploradas sexualmente no Brasil. Em 2018, o Disque 100 recebeu 17.098 denúncias. Estima-se ainda que apenas 7% dos casos são denunciados.

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