Para especialistas em educação, escolas enlatam os alunos

O modelo tradicional de ensino no Brasil enlata os alunos. A opinião é da psicopedagoga Carolina Cesa. Mãe de Davi e Marina, ela defende um ensino que faça sentido para as crianças, sem privar a livre expressão de criatividade, sem tolher habilidades, valorizando potenciais sem supervalorizar limitações.

Para ela, isso só será possível se os pais se aproximarem da escola. “Eleger uma instituição de ensino como única responsável pela educação de sujeitos  sociais é extremamente arriscado, pois institucionaliza humanos”, diz.

A psicopedagoga ressalta a importância da escola abrir espaço de escuta, mas não só para os pais e sim para os alunos. “Quem sabe esse é um primeiro passo para uma educação mais livre e humana e menos enlatada”, afirma.

Quem partilha da mesma opinião é o especialista em inovação Daniel Wildt. Pai de uma menina de 10 anos, Wildt defende que a escola também deveria estimular o desenvolvimento de diferente habilidades, como esporte, artes, dança e culinária, deixando o ensino massivo, com ênfase à competição de lado.

“Isso só seria possível se as instituições não olhassem para os alunos como iguais e sim como indivíduos. O modelo atual apresenta alunos com medo de dizer que não sabem algo”, diz.

Wildt também crítica as escolas que formam alunos visando somente o vestibular ou Enem. “Se o objetivo de um trabalho ou avaliação é que todos aprendam, por que deixamos criar competições com o nosso cérebro e memória? Por que evitamos colaboração em sala de aula? Se um colega pode me ensinar, por que não posso ter espaço para aprender com quem ensinar?”, questiona o profissional de tecnologia.

Por fim, Wildt ressalta a importância das mais diferentes experiências na aprendizagem. “Deveriam ocorrer todos os dias e não somente na feira de ciências. Quais perguntas respondemos hoje? Quais falhas tivemos que geraram aprendizado? O que vamos tentar amanhã? Quais profissionais podem participar da aula para falar sobre algo? Aqui, os pais podem entrar, assim como ex-alunos”, exemplifica Daniel.

Daniel e Carolina participaram do festival BS Kids, que ocorreu em Porto Alegre (RS) entre os dias 19 e 28 de julho. O evento promoveu brincadeiras tecnológicas, aulas de robótica para famílias além de palestras sobre educação e futuro do trabalho.

DICA DE LIVRO

Li “O Clube do Filme” há uns 10 anos e ele me marcou bastante, por debater a quebra da obrigatoriedade de ir à escola. O escritor e crítico de cinema David Gilmour relata o momento verídico em que deixou o filho de 15 anos sair do colégio desde que assistisse a três filmes por semana. O livro mostra como as sessões de cinema aproximaram os dois e gerou importantes aprendizados.

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