Parem de responsabilizar a mãe pelo insucesso na amamentação
Muitos casais quando engravidam destinam seus esforços para fazer um enxoval legal, uma decoração bacana no quarto do bebê e investem tempo na criação ou confecção das lembrancinhas que serão entregues após o nascimento.
Boa parte deles também se preocupa com o parto, mas quando o assunto é amamentação, ainda é muito comum encontrarmos pessoas que acreditem que dar de mamar é um ato natural e que não há segredos.
Porém, apesar do instinto em buscar o seio materno após o nascimento, o bebê precisa aprender a mamar.
Para se ter uma ideia do quão trabalhoso é, uma mamada no peito movimenta pelo menos 25 músculos diferentes da face.
O bebê, que era alimentado pelo cordão umbilical sem precisar fazer nada, precisa agora se esforçar um bocado para se alimentar.
Fissuras dolorosas podem aparecer quando a pega do bebê não está correta e o peito pode ficar pesado, dolorido e em casos extremos, desenvolver mastite.
Para evitar problemas como esses, recomenda-se que antes do nascimento busque-se informação com profissionais capacitados, como consultoras em amamentação ou especialistas em aleitamento materno.
Diversos locais oferecem cursos gratuitos sobre o assunto, como UBSs e Hospitais e maternidades.
Porém, essa busca pela informação não deveria partir somente da mãe. Pesquisas recentes mostram que um parceiro bem informado é responsável por parte do sucesso da amamentação. Isso porque um companheiro que entende as alterações físicas, psíquicas e emocionais da mulher tende a ficar mais calmo e acalmá-la também.
Mas ainda é alto o número de mulheres que percebem que os maridos não estão tão bem informados sobre o assunto.
Segundo a pesquisa Philips Avent, realizada em junho deste ano com 3500 pessoas em todo o mundo, 88,6% das mães disseram que os parceiros deveriam ser mais informados para tornar o período da amamentação mais fácil.
No Brasil, a pesquisa mostrou também que 77,9% dos homens responderam que gostariam de estar mais envolvidos no processo.
“A amamentação não é apenas entre mãe e bebê, pois esse processo só tem sucesso se todas as redes de apoio estiverem envolvidas. Precisamos diminuir a cobrança e tirar a responsabilidade do sucesso da amamentação da mãe. Todos precisam se responsabilizar”, afirma a enfermeira pediatra Eneida Souza, que também é consultora em aleitamento materno pela Universidade da Califórnia em Angeles.
Ela destaca que o marido pode pode controlar as visitas para que os três (mãe, bebê e pai) fiquem em um ambiente mais tranquilo e possam focar na amamentação.
Além disso, o pai pode preparar algo para a mãe comer, uma vez que ela precisa se alimentar e hidratar com frequência. Se ele se responsabilizar pela organização e limpeza da casa, além de fazer o supermercado, por exemplo, menos preocupações a mulher terá.
“Outro aspecto muito importante é o apoio emocional. Dizer palavras de incentivo, carinho, reforçar que a amamentação é um aprendizado entre mãe e bebê também é papel do pai”, completa Eneida.
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